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A mostrar mensagens de dezembro, 2024

O Equilíbrio Entre o Nada e a Coisa Nenhuma: Uma Crítica à Geração Z e Seus (In)suportáveis Desafios Corporativos

O Equilíbrio Entre o Nada e a Coisa Nenhuma: Uma Crítica à Geração Z e Seus (In)suportáveis Desafios Corporativos Ao me deparar com o artigo da Forbes intitulado "5 Grandes Desafios da Geração Z no Trabalho", publicado em dezembro de 2024, fui imediatamente tomado por uma mistura de perplexidade e, devo confessar, uma dose generosa de ironia. O texto, disponível aqui , é um exemplo primoroso de como a discursividade contemporânea consegue transformar questões de ordem material em narrativas quase metafísicas sobre comprometimento, soft skills e expectativas corporativas. Pois bem, vamos ao espetáculo. O Paradoxo da Geração Z: Nem Trabalho, Nem Consumo A primeira ironia que me ocorre é o tratamento quase reverencial dado à "Geração Z", como se fosse uma entidade singular e homogênea, criada em laboratório por tecnocratas bem-intencionados. O artigo argumenta que os jovens dessa geração têm dificuldades de adaptação ao mercado de trabalho, como se o proble...

Aposta Moderada: Um Jogo que Você Nunca Ganha (ou Talvez Sim, Depende de Quem Está Apostando)

  Aposta Moderada: Um Jogo que Você Nunca Ganha (ou Talvez Sim, Depende de Quem Está Apostando)" Confesso, sempre fui cético quanto a esses slogans de "use moderadamente" ou "jogue com responsabilidade". Não porque duvide da boa intenção por trás de tais mensagens, mas porque, convenhamos, é o equivalente a um traficante de nicotina dizendo: "Fume só quando estiver estressado." A ironia é quase poética, mas aqui estamos, debatendo o que parece ser um novo capítulo no manual das dependências modernas: os aplicativos de aposta. Antes de continuar, uma observação essencial: este artigo não é sobre você, caro leitor. E, se for, busque ajuda em grupos de apoio ou até mesmo com um médico. Dependência tem tratamento. A questão aqui não é a sua condição, mas o discurso em si – esse teatro moral encenado por empresas que, com um sorriso, oferecem o veneno e a "cura" na mesma embalagem publicitária. Esses aplicativos prometem um tipo de prazer que nã...

Posto, Logo Existo: Uma Reflexão Crítica Sobre a Discursividade do Ciberespaço e o Fim da Crítica

Link da imagem Posto, Logo Existo: Uma Reflexão Crítica Sobre a Discursividade do Ciberespaço e o Fim da Crítica Fonte da Crítica Eu começo esta reflexão com uma constatação simples, mas perturbadora: vivemos em um mundo onde ser é, cada vez mais, estar visível. E essa visibilidade não é gratuita, é uma moeda discursiva, um valor de troca. Afinal, quem é você se não for curtido? Quem é você se não for validado? Mas eis o paradoxo: vivemos no espaço onde tudo pode ser dito, desde que não desafie as métricas do engajamento, desde que esteja dentro do crivo do politicamente correto e, claro, desde que caiba nos moldes algorítmicos que definem o que é visível. A notícia publicada pelo site IGN Brasil sobre a perda de habilidades da Geração Z, como a escrita manual e a capacidade de comunicação estruturada, reforça esse dilema. Um dado alarmante: 40% dos jovens perderam fluência na escrita manual após apenas um ano de foco exclusivo no digital. Isso é, para mim, mais do que um p...

Influencers, Livres-Arbítrios e Curtidas: Um Guia Prático para Não Pensar

Link da imagem Fonte da Crítica Introdução Vivemos em tempos estranhos. Nunca tivemos tanta liberdade para escolher, e nunca estivemos tão confortáveis em entregá-la nas mãos de terceiros — ou melhor, de algoritmos, influenciadores e narrativas vazias. Essa reflexão, caro leitor (e aqui está a ironia), não é para você curtir, compartilhar ou engajar. Não quero sua validação, muito menos sua crítica. Este texto é apenas uma tentativa de expor como estamos voluntariamente entregando o que nos resta de autonomia ao conforto do senso comum. O Paradoxo da Influência Comecemos com o protagonista contemporâneo: o influenciador. Essa figura mítica, geralmente presa em um quarto, armada de um celular e um sorriso plástico, distribui certezas para todos os gostos. E por que não o faria? Há uma demanda insaciável por respostas fáceis. Não importa que essas respostas sejam fundamentadas em narrativas rasas ou pseudociências; o que importa é que elas pareçam boas. Afinal, o número de cu...

Ócio e Negócio: O Teatro Mediático da Solidão Plasmada

Fonte da Imagem Ócio e Negócio: O Teatro Mediático da Solidão Plasmada Introdução: A Grande Ironia do Ócio O ócio, esse espaço outrora sagrado para reflexão, descanso e introspecção, agora é um espetáculo digital, uma performance que alimenta os algoritmos. A ironia maior é que, ao tentarmos escapar da pressão produtiva, caímos em outra armadilha: transformamos o ócio em um negócio, não mais no sentido clássico de trabalho remunerado, mas como moeda simbólica no teatro mediático das redes sociais. Afinal, quem está realmente só quando se tem uma tela como companhia e milhões de espectadores invisíveis? --- O Ócio como Moeda Discursiva O que antes era o intervalo necessário entre a produtividade e o nada, hoje é capturado pelas redes sociais. Publicar um momento de ócio – um café solitário, uma viagem para "desconectar", ou mesmo uma reflexão profunda – se transforma em um ato performativo. Curtidas, comentários e compartilhamentos conferem valor ao momento que, ir...

Tecnologia e Política: Uma Aliança Perigosa para a Vigilância e Exclusão Social

Fonte da Crítica As transformações tecnológicas e o uso estratégico das plataformas digitais têm evidenciado uma perigosa aliança entre política e tecnologia, especialmente no contexto contemporâneo. A compra do X (antigo Twitter) por Elon Musk e sua aproximação com Donald Trump levantam reflexões importantes sobre como a tecnologia pode ser instrumentalizada para reforçar dinâmicas de exclusão e vigilância, ecoando práticas históricas já registradas em eventos sombrios como o Holocausto. Historicamente, o livro IBM e o Holocausto (Edwin Black) documenta como a tecnologia foi utilizada pela Alemanha nazista para rastrear populações judaicas com precisão assustadora. A IBM, através de sua máquina Hollerith, forneceu aos nazistas a capacidade de organizar informações censitárias que resultaram no extermínio sistemático de gerações inteiras. Embora a tecnologia da época fosse limitada a cartões perfurados, sua aplicação na organização de dados mostrou como a neutralidade tecno...

Negar a Morte: Uma Estratégia de Sobrevivência ou de Alienação?

Negar a Morte: Uma Estratégia de Sobrevivência ou de Alienação? A ideia da negação da finitude da vida, como proposto por Ernest Becker em A Negação da Morte, nos convida a confrontar um paradoxo fascinante: ao sabermos que haverá um fim, deveríamos, ao menos teoricamente, abraçar a consciência do agora. Contudo, o que fazemos? Idealizamos e mentimos para nós mesmos, construindo narrativas que nos afastam dessa verdade intransponível. É curioso, para não dizer irônico, que os discursos que deveriam nos ajudar a lidar com o fato da morte acabam, muitas vezes, nos adoecendo ainda mais. A fé e a esperança, enquanto impulsos discursivos, projetam-nos em um futuro improvável, quase sempre alienante. Mas o fim – essa verdade concreta e inegável – permanece. E aqui surge a questão: será que viveríamos de maneira mais plena ao aceitar a materialidade do nosso ser finito? Talvez, ao invés de amortecer o desespero existencial com discursos identitários, pudéssemos usá-lo para nos lib...

O Eu Digital: Entre a Mentira que se Acredita e a Verdade que se Esconde

  1. Introdução Vivemos em tempos curiosos. O eu deixou de ser apenas uma construção psicológica para se tornar um espetáculo em 4K, embalado por curtidas e emojis. Mas não se engane: esse espetáculo é mais comédia que drama. Se você acredita no que vê nas redes sociais, parabéns, você foi promovido a protagonista de um reality show que não passa na TV, mas dá lucro ao mercado. E se você acha que está no controle, sinto informar, mas o capitalismo de vigilância já roteirizou o final. 2. Transparência: A Mentira mais Bem Vestida Byung-Chul Han não nos deixa esquecer: a tal transparência, essa rainha do baile digital, é uma fraude. O que brilha no palco das redes é uma mentira que se acredita verdade, porque é validada por um sistema de curtidas. Nesse teatro, o eu discursivo se torna um personagem que performa incessantemente para um público que mal sabe onde está sentado. Quem precisa de desejo quando o prazer imediato já resolve o dia? 3. Mercado e o Descarte do Discurso Identit...

O Dinheiro Tem Gravidade e a Discursividade, Bem... É Só Discursividade

Bom dia! Sim, afinal, é um bom dia para quem inicia uma nova jornada. A matéria exige seu tributo: trabalho, comida, barriga cheia e, quem sabe, uma dose de felicidade. Quem pensa diferente ou está alienado na discursividade ou, sinceramente, não está aqui. Porque, sejamos francos, ninguém vai para Marte de barriga vazia. A materialidade nos mantém no chão – literalmente e metaforicamente. E para onde quero levar essa ironia? Simples: às multinacionais. Nissan, Ford, e tantas outras declararam, recentemente, que a cultura woke não é sustentável no capitalismo. E não é por acaso. Marx já dizia: os meios de produção determinam a forma como pensamos. Pois bem, o mercado percebeu que a cultura woke traz mais prejuízos do que lucros. A lógica do capitalismo, como sempre, prevalece. E aqui entra a grande contradição: será que a tal geração YZ – a "geração do mimimi" – realmente detém a sabedoria? Ou será que a verdadeira base, os valores sólidos do mercado, ainda reside...

O Abandono da Utopia Woke: A Materialidade Contra a Discursividade Efêmera

Resumo O presente artigo reflete, de forma irônica e crítica, sobre a decisão de grandes empresas, como Nissan, Toyota e Ford, de abandonar práticas associadas à cultura "woke". Essas medidas são analisadas sob a ótica de uma discursividade que, ao perder sua conexão com a materialidade, torna-se incapaz de sustentar mudanças reais no ambiente corporativo. Ao longo do texto, argumenta-se que essas decisões evidenciam a fragilidade de discursos identitários quando apropriados pelo capitalismo, ilustrando a dinâmica de esvaziamento e descarte típico do sistema mercantil. As referências trazem os sites utilizados como base para a análise. Introdução A cultura "woke" emergiu como uma tentativa de promover maior justiça social, representatividade e inclusão nos mais diversos espaços. Contudo, sua apropriação pelo capitalismo rapidamente transformou essa agenda em mais um produto mercantilizado, vulnerável à lógica de descarte do sistema. Recentemente, diversa...

"O Vazio Mercantilizado: Entre os Sonhos Roubados e o Espetáculo da Discursividade"

Introdução A contemporaneidade nos legou um paradoxo fascinante e trágico: vivemos em um espaço onde "tudo é possível", mas onde o sonho — motor da criatividade e da sublimação humana — foi sequestrado pelo espetáculo mediático e pela lógica algorítmica. O que resta do sonho quando sua manifestação está condicionada pelas regras invisíveis de um sistema que dita não apenas o que pode ser dito, mas como deve ser dito? Este texto é uma ironia reflexiva sobre o esvaziamento da discursividade e a mercantilização de nossas subjetividades, ancorado na ideia de que as "verdades estão além das nossas próprias discursividades". A Mercantilização do Sonho Sonhar, outrora entendido como uma tensão criativa entre o desejo e a realidade, tornou-se uma commodity. Nas redes mediáticas, cada sonho é capturado, transformado em dados e oferecido de volta como produto. As possibilidades infinitas prometidas pelo espaço digital escondem, no entanto, um condicionamento invol...

A Felicidade de Empurrar a Pedra: Um Discurso Sobre Nada e Coisa Nenhuma

Na minha incessante busca por sentido neste vasto deserto discursivo, percebo que a verdade é, no mínimo, uma piada de mau gosto. Afinal, se a verdade fosse o ponto final de todas as angústias, por que ela apenas nos presenteia com a certeza da morte? Não é curioso que, enquanto corro atrás dela, só consigo me afastar daquilo que realmente importa – ou, quem sabe, daquilo que nunca importou? É como se cada clique em um botão de “curtir” fosse uma confirmação de que estou, de fato, perdido. Camus dizia que devemos imaginar Sísifo feliz. Pois bem, eu me pergunto: seria ele tão feliz se tivesse uma conta no Instagram? Talvez, ao invés de empurrar a pedra, estivesse publicando stories de seu esforço absurdo, aguardando comentários que reforçassem sua existência. “Força, guerreiro!”, “Você consegue!” – e assim a pedra se tornaria um acessório do marketing pessoal. Mas e a felicidade? Ah, essa parece ficar para depois, entre uma notificação e outra. A verdade, nesse sentido, é qu...

O Preço de Ser Intelectual na Era dos Influenciadores

Para Umberto Eco, o verdadeiro intelectual é definido pela capacidade de “produzir novos conhecimentos através da criatividade”, independentemente da classe social ou profissão. Eco afirma que “um camponês que descobre um novo enxerto capaz de criar uma nova classe de maçãs está, de fato, realizando uma atividade intelectual”, enquanto um professor que repete a mesma aula, ano após ano, pode não estar sendo intelectual de verdade. A chave, segundo ele, está na criatividade crítica e na habilidade de questionar e reinventar o que fazemos. Partindo dessa definição, reflito sobre como o papel do intelectual se posiciona em um cenário dominado por influenciadores digitais, que direcionam os discursos e moldam o senso comum. Na atualidade, os algoritmos amplificam vozes que oferecem soluções rápidas e simplistas, deixando pouco espaço para análises profundas ou críticas. É evidente que o pensamento crítico se encontra marginalizado em meio a essa hegemonia do efêmero, onde o val...

A Contradição da Celebração e da Realidade Material

Durante minha breve estada nesta existência, refleti sobre as celebrações recorrentes, como o Natal e o Ano Novo, momentos que simbolizam o melhor da bondade e da renovação. No entanto, há uma contradição intrínseca em tais discursos. Por um lado, o desejo de "bem-estar ao outro" é uma afirmação universal, proclamada por meio de palavras e gestos de afeto. No entanto, a materialidade dessas datas, imersa na lógica do consumo, limita a capacidade dessas expressões de realmente afetar a todos de maneira igual. O que me chama a atenção é a ironia que permeia essas celebrações. Ao desejar um "Feliz Natal", por exemplo, estou, muitas vezes, não apenas oferecendo algo ao outro, mas também reafirmando a minha própria necessidade de ser reconhecido, de manter uma narrativa de bondade e virtude. Como se, ao agir com generosidade, eu estivesse buscando, na verdade, a validação de meu próprio "eu". Essa ambivalência é clara: a bondade não atinge a todos, ...

Monólogo do Outro Invisível – Versão Popularmente Empática

Ah, o outro. Essa entidade misteriosa, tão próxima e, ao mesmo tempo, inatingível. Dizem que é preciso amá-lo, compreendê-lo, escutá-lo. Escutá-lo? Não me faça rir. A verdade é que somos mestres em ouvir apenas o eco da nossa própria voz. O outro não passa de um espelho mal polido onde enxergamos, distorcidos, nossos próprios temores e desejos. Mas aí vem o senso comum e diz: “Seja empático, coloque-se no lugar do outro”. Como se fosse fácil! Como se minha mente fosse uma sala de estar onde qualquer um pode entrar, sentar e tomar um café. O discurso da empatia, no senso comum, é como um comercial de margarina: bonito, polido e completamente artificial. “Você só precisa sentir o que o outro sente, que mágica!” dizem. Claro, porque sentir dor, desespero e medo alheio é tão simples quanto mudar de canal. Mas ninguém te avisa que, ao entrar nesse universo empático, você carrega não só o peso do outro, mas o seu próprio multiplicado. Empatia parece tão charmosa na teoria quanto ...

"Limites Resolvem Tudo, Será? Uma Resposta Irônica à Simplicidade Infantil do Discurso Contemporâneo"

Fonte da Crítica "Limites Resolvem Tudo, Será? Uma Resposta Irônica à Simplicidade Infantil do Discurso Contemporâneo" Resumo Ah, os limites! A fórmula mágica da educação moderna, como propõe o artigo de O Globo. Ensinar limites e frustrações às crianças parece, de acordo com a reportagem, ser o caminho para resolver os dilemas da subjetividade contemporânea. Mas, será mesmo? Em um mundo onde o Eu se dissolve entre notificações digitais, onde as estruturas sociais evaporam e onde o absurdo da existência, como diria Camus, é confrontado por meio de memes e likes, falar em limites soa quase ingênuo. Este artigo – irônico, mas não menos crítico – pretende desconstruir essa narrativa simplista. Com Freud, Winnicott, Klein, Durkheim, Camus e Twenge à mesa, analisarei por que os "limites" não passam de um placebo discursivo, incapaz de curar as feridas de uma sociedade em anomia. Introdução: Os Limites da Simplicidade A ideia do artigo de O Globo é sedutora: b...