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Conclusão - Part - (2 final) - Anatomia da dor performance: Freud, Furedi, Han e Cioran na era do sujeito exausto

Conclusão - Part - (2 final) - Anatomia da dor performance: Freud, Furedi, Han e Cioran na era do sujeito exausto #maispertodaignorancia Ao observar como a dor migrou do recanto íntimo para o palco digital, percebo que hoje não basta sofrer: é preciso enquadrar, legendar e monetizar cada fissura da alma. Neste ensaio, falo em primeira pessoa porque também me vejo implicado nessa engrenagem que converte angústia em capital simbólico e clickável. Sigo quatro vozes — Freud, Furedi, Han e Cioran — para mapear a metamorfose de um mal‑estar que, longe de silenciar‑se, aprendeu a performar. Começo por Freud, que nos lembra do preço da civilização: reprimo pulsões para coexistir e, como recibo, herdo culpa e sintomas. Contudo, a dinâmica contemporânea trocou o divã pelo feed; a confissão terapêutica substituiu o silêncio elaborativo. Meu sintoma agora vem com filtro, estatística de engajamento e, por vezes, link de afiliado. Recalque tornou‑se pop‑up, superego assumiu forma algorít...

(Pat - 1) - Anatomia da Dor Performance: Freud, Furedi, Han e Cioran na Era do Sujeito Exausto

Anatomia da Dor Performance: Freud, Furedi, Han e Cioran na Era do Sujeito Exausto #maispertodaignorancia “Nada mais lucrativo do que uma ferida aberta em HD.” 1. Prólogo — Uma selfie da angústia Hoje, sofrer não basta — é preciso enquadrar, filtrar e compartilhar. Vivemos o paradoxo da hiperexpressão da dor: quanto mais falamos dela, menos a sentimos de fato; a pulsão cede lugar à performance. Este ensaio recomeça do zero para tecer, sem anestesia, a costura entre Sigmund Freud, Frank Furedi, Byung‑Chul Han e Emil Cioran, em busca das linhas de força que transformaram a angústia em commodity. 2. Freud — O pacto civilizatório e o débito pulsional Freud aponta: civilizar é recalcar. O sujeito paga ingressos à cultura: desejo contido, culpa internalizada, sintoma como recibo. Entretanto, no século XXI, o ritual do recalcamento parece obsoleto — a confissão terapêutica substitui o silêncio elaborativo. A dor sai do divã e vai para o feed: Sintoma‑story: 24 h de validade e curt...

Cannabis entre a neurociência e o mito: um balanço crítico dos efeitos psicológicos e terapêuticos

Ponto inicial da Reflexão Cannabis entre a neurociência e o mito: um balanço crítico dos efeitos psicológicos e terapêuticos Por José Antônio Lucindo da Silva – Psicólogo, CRP 06/172551 1. Introdução — do pânico moral ao “efeito boutique” Durante décadas, a maconha foi tratada como porta de entrada para todas as tragédias psíquicas. Na curva oposta, o hype contemporâneo a eleva a panaceia: de suplemento para “hackear” o sono a lubrificante do capitalismo da criatividade. Entre esses extremos, a síntese recente apresentada pelo neurocientista Sidarta Ribeiro oferece uma terceira via: evidências em vez de slogans. Seu balanço retoma o ponto freudiano de que toda droga é, antes de tudo, significante: ela desloca desejo, recalca angústia e devolve‑nos sob nova forma — muitas vezes mais ambígua do que confortável. 2. O que já é consenso científico? A literatura convergiu sobre alguns pontos fundamentais: Memória de trabalho sofre queda aguda nos 40–50 minutos que seguem a ingest...