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Entre espelhos digitais e corpos materiais: crítica irônico-argumentativa ao pânico cognitivo da IA

Entre espelhos digitais e corpos materiais: crítica irônico-argumentativa ao pânico cognitivo da IA Resumo Reúno, em pouco palavras, um ensaio que confronta o diagnóstico midiático de “atrofia cerebral” provocada pelo uso da inteligência artificial (IA) com tradições críticas de Marx, Bauman, Han, Zuboff, O’Neil e Twenge. Defendo que tais manchetes ignoram a dimensão sócio-material da aprendizagem: a capacidade reflexiva nunca esteve distribuída igualmente, pois depende dos meios de produção simbólica e das vivências concretas. A IA, portanto, não “rouba” cognição; antes, espelha — e às vezes amplifica — os atalhos mentais buscados pelo cérebro em qualquer ecossistema técnico.  O verdadeiro risco está em reforçar, via algoritmos, as assimetrias de consumo cultural que já moldam o Brasil “analfabeto funcional”. Concluo que a discussão pública permanece restrita a grupos hiperescolarizados capazes de publicar em portais de alta visibilidade, enquanto as camadas populares ...

“IA corrige redações, a rua corrige ilusões: notas perfeitas para um abismo em expansão”

“IA corrige redações, a rua corrige ilusões: notas perfeitas para um abismo em expansão”  Sumário em uma frase:  Ponho o dedo no gatilho algorítmico que dita produtividade, mas o tiro ricocheteia na rua sem teto, no cérebro saturado de notificação e no desespero civilizatório já descrito por Freud, Bauman e Byung-Chul Han — a Inteligência Artificial apenas faz soar mais alto a sirene que fingíamos não ouvir. Introdução – um espelho que devolve fendas: Escrevo como professor (não sou professor, e nem educador ), exausto, psicólogo intrigado e cidadão que tropeça em barracas azuis a caminho da escola. A coluna de Fernando Schüler, animada pelo estudo do MIT sobre “atrofia cognitiva” induzida pelo ChatGPT chamou minha atenção, mas a experiência diária diz que o buraco é maior: o músculo intelectual definha porque o tempo e o espaço de pensar já foram leiloados. Quando CEOs admitem substituir gente por código e start-ups vendem detectores para “caçar” textos sintético...

Entre Sombras, Lonas e Silício: por que a Inteligência Artificial não explica o buraco no asfalto

  Entre Sombras, Lonas e Silício: por que a Inteligência Artificial não explica o buraco no asfalto Entre Sombras, Lonas e Silício: por que a Inteligência Artificial não explica o buraco no asfalto Resumo: Corrijo provas com IA enquanto a cidade coleciona barracas azuis e o governo recomenda passaporte para quem sonha com ciência. Este artigo cruza Freud, Bauman, Byung‑Chul Han, Cioran e Anderson Röhe para mostrar que o debate sobre “atrofia cognitiva” ignora o peso bruto do tempo, do espaço e do concreto. Quando um chatbot promete empatia sob trabalho terceirizado a US$ 2/hora, a única coisa realmente generativa é a precariedade. 1. O tempo que evapora 1.1 Provas em modo turbo Leio Fernando Schüler na VEJA : IA deixaria o cérebro preguiçoso. Ele cita o estudo do MIT que comparou ChatGPT, Google e “cabeça pura”. O grupo IA pensou menos. Concordo, mas pergunto: quando o docente teria tempo de pensar se corrige 120 redações extra‑classe e não recebe hora extra (...

Quando até a IA se cansa de pensar por você!

Quando até a IA se cansa de pensar por você #maispertodaignorancia Você sabe que algo deu errado quando a inteligência artificial começa a pensar mais do que o ser que a consulta. Pior: quando ela começa a desconfiar que está sendo usada para sustentar a ignorância com aparência de sabedoria. Não me refiro aqui àquela pessoa que pergunta, erra, refina, aprofunda, ironiza, duvida e espreme a IA até extrair o sumo da contradição. Não, esse é outro tipo — um tipo raro. Falo daquele sujeito que digita: "faça meu trabalho", "escreva minha redação", "explique sem que eu precise pensar" — e acredita que ao clicar em copiar e colar, se tornou um mestre da era digital. Esse é o novo homo automatizatus: um ser que não pensa porque acredita que delegar o pensamento é mais produtivo. Um sujeito que, diante do absurdo, terceiriza até o espanto. Sua cognição virou planilha, seu argumento é um ctrl+C, sua dúvida é um modelo pré-treinado. Enquanto isso, José (...