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A mostrar mensagens com a etiqueta Nicolelis

O dia em que a distopia virou manual de instruções

O dia em que a distopia virou manual de instruções Vivemos numa época em que as distopias não são mais advertências, mas tutoriais. 1984 deixou de ser a ficção paranoica de um inglês ressentido para tornar-se o roteiro operacional dos data centers, que hoje substituem o “Grande Irmão” pela lógica dos algoritmos de engajamento. O que antes era teletela é agora um feed infinito, calibrado para garantir que você não apenas veja o que deve ver, mas também esqueça o que não deve lembrar. Orwell imaginou um Estado que reescrevia a história; nós aperfeiçoamos o método — terceirizamos para máquinas que não precisam dormir, não têm remorso e conhecem nossas preferências mais íntimas, inclusive aquelas que nunca confessaríamos nem sob tortura. Se Huxley estava certo ao dizer que não precisaríamos de coerção, mas apenas de prazer, então vivemos a era do soma ubíquo. Só que, em vez de comprimidos distribuídos pelo Ministério do Bem-Estar, temos um cardápio diversificado: an...

A inteligência que desliga o humano

A inteligência que desliga o humano 🔗 Fonte original: Fast Company Brasil – Nicolelis critica hype da IA #maispertodaignorancia Você confiaria sua angústia a um algoritmo? Ou melhor: quem ganha com a ideia de que o sofrimento pode ser deletado com uma linha de código? O entusiasmo com a inteligência artificial, tão frenético quanto dogmático, revela menos um avanço da razão e mais um pânico da finitude. O que Miguel Nicolelis denuncia não é a IA em si, mas o projeto psíquico por trás dela: apagar a fragilidade, higienizar o erro, automatizar a dúvida. 1. Um fetiche chamado algoritmo Nicolelis, neurologista e herege honorário do tecnocapitalismo, rompe com o otimismo pasteurizado das startups. Enquanto CEOs prometem cérebros em nuvem, ele insiste na intransferível densidade do corpo, na inteligência encarnada, no pensamento como sintoma — e não como sistema. Em tempos de adoração algorítmica, esse gesto é revolucionário: ele lembra que só pensa quem sente. A cultura do Vale...