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Um anônimo disse!

Narrativas Invisíveis do Colapso: Uma leitura psicobiossocial da performatividade emocional contemporânea Resumo: Este artigo propõe uma análise psicobiossocial crítica das construções narrativas associadas à patologização contemporânea do sofrimento, com base em uma entrevista concedida por um sujeito anônimo em mídia nacional. Sem identificar nomes próprios, buscamos tensionar o apagamento das dimensões biológicas, sociais e simbólicas que estruturam o adoecimento psíquico. Fundamentado nas obras de Freud, Kierkegaard, Bauman, Byung-Chul Han, Zuboff e documentos clínicos como o DSM-V e CID-11, o texto explora o paradoxo entre a vivência do colapso e sua estetização performática no discurso médico-midiático. Evidencia-se a carência de um modelo integrativo que contemple os dados clínicos e sociais em sua radical complexidade, sem reducionismos diagnósticos. Conclui-se com a necessidade de reinscrever o sofrimento para além da lógica classificatória, considerando o sujeito ...

Desconectar-se para continuar rendendo?A dissimulação neoliberal da saúde mental no Brasil hiperdigitalizado

Desconectar-se para continuar rendendo? A dissimulação neoliberal da saúde mental no Brasil hiperdigitalizado Fonte original: https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2025/08/leitores-citam-motivos-para-diminuir-uso-de-redes-sociais.shtml #maispertodaignorancia RESUMO O presente artigo propõe uma leitura crítica da “moda” contemporânea da desconexão digital, abordando suas implicações psíquicas, sociais e econômicas no contexto brasileiro. A partir de uma articulação entre autores como Freud, Bauman, Han, André Green e Zuboff, e dados recentes de instituições como IBOPE, Fiocruz e IPEA, investigamos como o suposto gesto de "liberdade" em sair das redes sociais pode estar profundamente imbricado em novas formas de sujeição simbólica e mercantilização do sofrimento. Ao invés de resistência, observamos uma reconfiguração do mal-estar adaptado às exigências da performance e da visibilidade neoliberal. A análise é conduzida sob o viés do projeto “Mais Perto da Igno...

Criança Plugada, Adulto Desligado

Criança Plugada, Adulto Desligado Fonte original: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2025/08/4-em-cada-10-dizem-que-criancas-tem-muito-tempo-de-tela.shtml #maispertodaignorancia Quatro em cada dez brasileiros acham que crianças estão tempo demais em frente às telas. O restante, ao que tudo indica, está ocupado demais... em frente às suas próprias. A matéria da Folha sugere uma preocupação parental crescente com a "exposição excessiva" das crianças a celulares, tablets e afins. Mas o que não se diz? Talvez o mais óbvio: o problema não está na tela da criança, mas na cegueira do adulto. Como apontou Bauman em 44 Cartas do Mundo Líquido Moderno, os pais perderam o monopólio simbólico sobre a autoridade — foram substituídos por algoritmos de entretenimento e apps de babysitting emocional. A crise não é da infância: é da adultez colapsada que terceiriza o afeto, a escuta e o tédio. A “preocupação” com o tempo de tela revela mais sobre o desconforto adulto c...

Teatro Fiscal: Discurso, Tarifa e o Lucro da Ilusão

Teatro Fiscal: Discurso, Tarifa e o Lucro da Ilusão Fonte original: Integração crítica baseada em cinco ensaios anteriores e aprofundamento teórico com Marx, Zuboff, Han, Freud, Bauman, Levitsky e O’Neil. #maispertodaignorancia Introdução Não é apenas sobre porcentagens, mas sobre performance. A tarifa, tão frequentemente apresentada como proteção, revela-se um dispositivo de mascaramento econômico.  Este texto — resultado da integração crítica de cinco ensaios e sustentado por contribuições de autores como Marx, Han, Zuboff, Freud, Bauman, Levitsky e O’Neil — denuncia a encenação do discurso político e sua funcionalidade como máquina simbólica de extração e controle. Se outrora as guerras eram travadas por territórios, hoje são operadas por narrativas. A tarifa é só mais uma delas. 1. A Tarifa como Linguagem de Poder Em 2025, os EUA arrecadaram mais de US$ 124 bilhões com tarifas. A manipulação simbólica dessa cifra é brutal: o governo eleva tarifas para 50%, simula cr...

Diagnóstico ou Sentença? A Inteligência Artificial no espelho da memória que esquecemos de viver

Diagnóstico ou Sentença? A Inteligência Artificial no espelho da memória que esquecemos de viver (https://www.msn.com/pt-br/saude/medicina/ia-pode-identificar-pacientes-com-risco-de-alzheimer-e-ajudar-a-determinar-tratamento-precoce-diz-estudo/ar-AA1IPdaM) A matéria anuncia com entusiasmo o uso da Inteligência Artificial para identificar precocemente o risco de Alzheimer, sugerindo que o futuro da medicina reside na prevenção algorítmica. Mas o que estamos de fato prevenindo? A doença ou o próprio tempo? #MaisPertodaIgnorancia Vivemos em uma era em que a memória — antes humana, carregada de afetos, dores, lapsos e narrativas — torna-se um dado a ser lido por máquinas. A IA não apenas mede os esquecimentos, mas os antecipa. Não haverá mais espaço para esquecer-se aos poucos de quem se é. Agora, antes mesmo de nos perdermos de nós, um sistema nos encontrará e nos etiquetará: “em risco”. O risco deixa de ser uma possibilidade incerta e passa a ser mais uma mercadoria...

A Ditadura do Eu Ideal: quando a perfeição vira prisão

A Ditadura do Eu Ideal: quando a perfeição vira prisão (https://share.google/tQew2BslhsqhaWowJ) Vivemos em tempos em que a busca pela perfeição deixou de ser uma inquietação íntima para se tornar uma imposição coletiva, quase um dever moral. A matéria da Folha evidencia aquilo que o projeto Mais Perto da Ignorância já vem apontando: a idealização do eu — impulsionada por discursos de sucesso, bem-estar e plenitude — não é apenas uma construção subjetiva, mas um mecanismo socialmente estruturado de opressão. A sociedade do desempenho, como diagnosticada por Byung-Chul Han, transformou o sujeito em empresa de si mesmo, onde cada imperfeição é um déficit a ser eliminado. A perfeição, antes um horizonte simbólico de transcendência ou amadurecimento, foi engolida pela mercantilização do ser. Agora, ela exige resultado, performance e visibilidade. O problema é que esse ideal não admite falhas, nem silêncio, nem luto, nem sombra. O sofrimento, quando não pode ser curado ...

A Insuportável Leveza do Mal-Estar: Uma Crônica Pós-Moderna

A Insuportável Leveza do Mal-Estar: Uma Crônica Pós-Moderna Sempre fui fascinado pela capacidade da humanidade de produzir discursos grandiosos sobre sua própria insignificância.  No século XX, Freud já alertava sobre um mal-estar intrínseco à civilização, uma espécie de preço inevitável que pagamos pela convivência social, trocando parte de nossa liberdade por segurança e bem-estar coletivo (Freud, 2012).   Décadas depois, Zygmunt Bauman, em seu provocativo ensaio sobre o mal-estar pós-moderno, ampliou a angústia freudiana para uma sociedade fragmentada, líquida e repleta de relações efêmeras (Bauman, 2012). Vivemos hoje uma fase paradoxal: quanto mais tecnologia acumulamos para supostamente conectar e facilitar nossa existência, mais isolados e ansiosos nos tornamos.  Shoshana Zuboff descreve essa era como a do capitalismo de vigilância, na qual nossa intimidade é mercantilizada e consumida por algoritmos que pretendem prever nosso comportamento (Zuboff, 202...