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Um anônimo disse!

Narrativas Invisíveis do Colapso: Uma leitura psicobiossocial da performatividade emocional contemporânea Resumo: Este artigo propõe uma análise psicobiossocial crítica das construções narrativas associadas à patologização contemporânea do sofrimento, com base em uma entrevista concedida por um sujeito anônimo em mídia nacional. Sem identificar nomes próprios, buscamos tensionar o apagamento das dimensões biológicas, sociais e simbólicas que estruturam o adoecimento psíquico. Fundamentado nas obras de Freud, Kierkegaard, Bauman, Byung-Chul Han, Zuboff e documentos clínicos como o DSM-V e CID-11, o texto explora o paradoxo entre a vivência do colapso e sua estetização performática no discurso médico-midiático. Evidencia-se a carência de um modelo integrativo que contemple os dados clínicos e sociais em sua radical complexidade, sem reducionismos diagnósticos. Conclui-se com a necessidade de reinscrever o sofrimento para além da lógica classificatória, considerando o sujeito ...

Criança Plugada, Adulto Desligado

Criança Plugada, Adulto Desligado Fonte original: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2025/08/4-em-cada-10-dizem-que-criancas-tem-muito-tempo-de-tela.shtml #maispertodaignorancia Quatro em cada dez brasileiros acham que crianças estão tempo demais em frente às telas. O restante, ao que tudo indica, está ocupado demais... em frente às suas próprias. A matéria da Folha sugere uma preocupação parental crescente com a "exposição excessiva" das crianças a celulares, tablets e afins. Mas o que não se diz? Talvez o mais óbvio: o problema não está na tela da criança, mas na cegueira do adulto. Como apontou Bauman em 44 Cartas do Mundo Líquido Moderno, os pais perderam o monopólio simbólico sobre a autoridade — foram substituídos por algoritmos de entretenimento e apps de babysitting emocional. A crise não é da infância: é da adultez colapsada que terceiriza o afeto, a escuta e o tédio. A “preocupação” com o tempo de tela revela mais sobre o desconforto adulto c...

Desligar a criança para poupar o adulto

Desligar a criança para poupar o adulto Fonte original: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c1wv79vzm5no #maispertodaignorancia “O que revela mais sobre nós: o tempo de tela das crianças ou o tempo que não temos para elas?” Aparentemente, é sobre tablets. Mas na superfície lisa das telas, refletimos não apenas o rosto das crianças, mas a abdicação adulta. A matéria da BBC News Brasil questiona, com razoável equilíbrio, se o tempo de exposição às telas afeta o cérebro infantil — porém, o que ela revela sem dizer é talvez mais incômodo: estamos desesperadamente querendo delegar à ciência uma resposta que nos exima do olhar. É sempre mais fácil medir o tempo do que sustentar a presença. E é nesse gesto — entre a vigilância digital e o abandono elegante — que revelamos o verdadeiro problema: não é que as telas causem o vazio, elas apenas o ocupam. I. O sintoma que culpamos: moral de tela e ausência de elaboração A ciência é cautelosa. Est...

O autoritário mora ao lado: o voto é só o sintoma

O autoritário mora ao lado: o voto é só o sintoma Não é no palanque que nasce o autoritarismo — é no colo. A paixão pelo tirano talvez seja o eco de um afeto mal metabolizado: o líder forte preenche o buraco deixado por figuras frágeis demais para sustentar a autoridade com escuta. É disso que trata o livro “Paixão pela mentira”, do psicanalista Paulo Schiller, citado em reportagem recente do Valor Econômico. E é isso que o fascínio contemporâneo por autocratas nos esfrega na cara: o problema não é político, é íntimo. I. O retorno do recalque como voto Freud já nos alertava em O mal-estar na civilização (1930): o preço da vida social é o recalque. Só que aquilo que é recalcado, cedo ou tarde, retorna — travestido de “desejo de ordem”, “valores tradicionais” ou “defesa da família”. A paixão pelo autocrata é, nesse sentido, uma forma de gozo secundário: o prazer de obedecer sem ter que pensar. O desejo por líderes duros não nasce do esclarecimento, mas da saturação do di...