Adolescência: a brutalidade como última linguagem Na série Adolescência, o plano-sequência não é apenas recurso técnico — é denúncia ética. Jamie, o garoto de treze anos acusado de um assassinato brutal, é o corpo onde se inscreve um discurso que a sociedade adulta terceirizou há muito tempo. Um discurso digital, fragmentado, sem elaboração simbólica, onde o desejo é substituído por algoritmos e a dor vira conteúdo. Byung-Chul Han nos alerta para a extinção da negatividade: vivemos numa era onde tudo precisa ser positivo, rápido, visível. Não há mais espaço para o recuo, para o recalque, para o silêncio elaborativo. E Freud, em seu modelo pulsional, já nos dizia: a cultura é feita a partir da tensão, do recalque e da sublimação. Sem isso, não há elaboração — só descarga. Sem espaço para o desejo, resta apenas o ato. É aqui que Fédida entra: o trauma não simbolizado, não escutado, não elaborado, retorna no real — e muitas vezes como violência. Jamie não agiu de forma gratuit...
"Mais Perto da Ignorância é um espaço de reflexão crítica sobre os paradoxos da existência contemporânea. Explorando temas como tecnologia, discursividade, materialidade e consumo, inspira-se em autores como Byung-Chul Han, Freud e Nietzsche. O blog questiona narrativas dominantes, desmistifica ilusões e convida ao diálogo profundo. Aqui, ignorância não é falta de saber, mas um confronto com dúvidas e angústias, desafiando verdades superficiais e mercantilizadas.” — José Antonio Lucindo da Silva