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Máquinas de aprender, corpos de adoecer: por que o ensino algorítmico nos esgota?

Máquinas de aprender, corpos de adoecer: por que o ensino algorítmico nos esgota? 🎧👉 Podcast Mais perto da ignorância Blog Mais Perto da Ignorância #maispertodaignorancia A promessa contemporânea de aprendizado mediado por máquinas, chatbots e inteligências artificiais baseadas em algoritmos generativos é apresentada como revolução pedagógica, emancipação cognitiva e democratização do saber. Discursos midiáticos alardeiam a figura de um “Sócrates digital”, pronto a interpelar com perguntas, simular diálogos e conduzir estudantes à autonomia crítica. Mas, ao contrário da aura emancipatória que circula em propagandas e reportagens, o aprendizado algorítmico revela uma face paradoxal: ele gera desgaste físico, psíquico, biológico, material, estrutural e social. Essa afirmação não parte de mera impressão. Ela se sustenta na análise de fenômenos psico-bio-sociais contemporâneos que, combinados com o avanço tecnológico e a lógica neoliberal, produziram uma mutação no modo como ...

Rolando o feed até o esgotamento: quando o prazer mínimo é a nossa sentença máxima

Rolando o feed até o esgotamento: quando o prazer mínimo é a nossa sentença máxima É curioso — ou talvez trágico — perceber como a primeira ação de milhões de brasileiros ao acordar não é respirar fundo, espreguiçar-se ou sentir a luz da manhã, mas sim deslizar o dedo por uma tela brilhante. Um gesto simples, quase imperceptível, que, na verdade, condensa um século de transformações na economia psíquica, social e política. Segundo levantamento das empresas We Are Social e Meltwater, em 2024 havia 187,9 milhões de internautas no Brasil — 86,6% da população — conectados em média 9 horas e 13 minutos por dia, majoritariamente por smartphones. É o equivalente a passar mais de um terço da vida desperto mergulhado em um oceano algorítmico, onde a superfície reluz, mas o fundo é invisível. Essa vida atravessada pela conectividade não é neutra. Ela redefine o que entendemos por corpo, tempo, prazer e até sofrimento. Freud, em O mal-estar na civilização, já advertia que a técnica am...

Inteligência artificial, infância artificial: o QI que interessa ao mercado

Inteligência artificial, infância artificial: o QI que interessa ao mercado Link original: https://oantagonista.com.br/ladooa/tecnologia/o-efeito-inesperado-do-videogame-no-qi-das-criancas-segundo-a-ciencia/ A curva do QI como índice de domesticabilidade cognitiva Uma manchete que afirma que "videogames aumentam o QI de crianças" parece, à primeira vista, um pequeno alívio no abismo de angústia que cerca o pânico moral das telas. Mas, como todo discurso científico que adquire popularidade nas redes sociais, ele precisa ser interrogado não só pelo que diz, mas principalmente pelo que não diz. Ao propor que o QI aumenta com o videogame, a matéria publicada pelo site  O Antagonista, baseada em um estudo da Karolinska Institutet com mais de 9 mil crianças nos EUA, revela mais sobre o estado da ciência contemporânea e sobre o modelo de infância que estamos fabricando do que sobre o potencial cognitivo real dos jogos digitais. Diz o estudo:  crianças que jogam mais vide...

Equações condicionais, comparação social e adoecimento psíquico nas plataformas digitais

Fonte Equações condicionais, comparação social e adoecimento psíquico nas plataformas digitais José Antônio Lucindo da Silva – #maispertodaignorancia 23/06/2025 Resumo Este ensaio dialoga com a coluna de Luana Marques na Veja (2025) sobre as chamadas “equações condicionais” – crenças do tipo “se… então” que estabelecem régua impossível para a autoestima. Situo o fenômeno numa perspectiva cognitivo-comportamental, cruzo‐o com dados empíricos sobre comparação social em mídias e com o diagnóstico cultural da “sociedade do desempenho”. Concluo que as plataformas digitais não apenas espelham tais crenças, mas as transformam em métrica pública, criando um ciclo de reforço que eleva ansiedade, ruminação e depressividade. Discuto intervenções clínicas baseadas em TCC, ACT e autocompaixão, bem como implicações éticas para a psicologia em tempos de capitalismo de atenção. Palavras-chave: equações condicionais; crenças intermediárias; comparação social; flexibilidade psicológica; sociedade do des...