Suicídio Algorítmico: estatística, infância sequestrada e a falência civilizatória O suicídio nunca foi apenas um ato individual. Durkheim já dizia que se trata de um “fato social”, reflexo da fragilidade ou da força dos laços que sustentam a vida. O problema é que, em pleno século XXI, os laços não desapareceram: multiplicaram-se em telas, mas tornaram-se líquidos, descartáveis, descartados antes mesmo de se tornarem vínculos. O que temos não é ausência de conexão, mas excesso de conexões frágeis — e é nesse paradoxo que o sujeito implode. O discurso do Setembro Amarelo parece trazer alívio: estatísticas, campanhas, números organizados. Mas como Freud advertiu em O mal-estar na civilização, cada cultura gera seu próprio sintoma. O que chamamos de “conscientização” talvez seja apenas a captura mercadológica do sofrimento. A depressão virou identidade discursiva; o suicídio, dado performativo. Surge a dúvida incômoda: criamos sintomas para justificar remédios ou criamos remé...
"Mais Perto da Ignorância é um espaço de reflexão crítica sobre os paradoxos da existência contemporânea. Explorando temas como tecnologia, discursividade, materialidade e consumo, inspira-se em autores como Byung-Chul Han, Freud e Nietzsche. O blog questiona narrativas dominantes, desmistifica ilusões e convida ao diálogo profundo. Aqui, ignorância não é falta de saber, mas um confronto com dúvidas e angústias, desafiando verdades superficiais e mercantilizadas.” — José Antonio Lucindo da Silva