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A mostrar mensagens com a etiqueta empatia

O beijaço pago e a moral de vitrine: quando a empatia é terceirizada pelo Pix

O beijaço pago e a moral de vitrine: quando a empatia é terceirizada pelo Pix Fonte original: https://g1.globo.com/pop-arte/diversidade/noticia/2025/08/07/o-que-e-capacitismo-entenda-debate-nas-redes-apos-nattan-pagar-r-1-mil-para-homem-beijar-mulher-com-nanismo.ghtml #maispertodaignorancia @maispertodaignorancia O episódio é simples e grotesco na mesma medida: um cantor paga R$ 1.000 para um homem beijar uma mulher com nanismo. O gesto, aparentemente “generoso” ou “divertido”, abre uma fissura incômoda na vitrine moral das redes. Não é só sobre capacitismo — embora seja, e muito. É sobre como, no espetáculo contemporâneo, a empatia se converte em moeda e a dignidade, em performance rentável. O beijo não é afeto, é transação. Byung-Chul Han já diagnosticou, em A expulsão do outro, que vivemos num tempo em que a alteridade é corroída: o outro só nos interessa enquanto extensão do nosso próprio reflexo, enquanto alimenta nossa autoimagem luminosa diante da plateia digital. Nã...

O luto virou problema de comunicação?

O luto virou problema de comunicação? (https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2025/07/17/as-6-frases-que-nao-devem-ser-ditas-a-alguem-que-esta-de-luto.ghtml) É curioso como até a dor precisa seguir protocolos discursivos. A matéria alerta para as “frases que não devem ser ditas” a alguém enlutado, como se a experiência do luto pudesse ser administrada por um manual de boas práticas. Em um tempo em que a empatia se tornou um protocolo automático de linguagem e o silêncio, uma ameaça à performance emocional, até o luto virou um campo de disputa entre o que se deve ou não dizer. #MaisPertodaIgnorancia O luto, enquanto experiência radical da finitude, confronta o tempo cronológico e a lógica utilitária. Mas ao que parece, nem mesmo ele escapa da positividade tóxica da contemporaneidade. O enlutado hoje deve ser acolhido, mas dentro do script; deve sofrer, mas de forma elegante e não-incômoda; deve elaborar, mas rápido, funcional, e preferencialmente com legenda. As...

Sangrando o Silêncio: quando o cuidado se torna anestesia

Sangrando o Silêncio: quando o cuidado se torna anestesia Sangrando o Silêncio: quando o cuidado se torna anestesia Não é novidade que os dados sobre saúde mental feminina estão em vermelho — não por serem visíveis, mas porque sangram em silêncio. A ansiedade, a depressão, os transtornos alimentares e o pânico que se multiplicam em corpos femininos não são eventos isolados, mas sintomas de um sistema que continua tratando o sofrimento como falha individual. O discurso dominante tenta nos convencer que cuidar da saúde mental é fazer yoga, tomar chá de camomila e usar aplicativos de respiração. Enquanto isso, a mulher segue com três jornadas: emocional, produtiva e estética. Ser ansiosa hoje é quase um dress code, desde que não atrapalhe a performance no trabalho ou a foto no Instagram. Freud já nos alertava, ao escutar as histéricas — mulheres que não podiam falar, então gritavam pelo corpo. Hoje, a histeria foi substituída por diagnósticos bem embalados para o consumo. Segundo Freud, “...