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Eu, o Algoritmo e a Morte do Sujeito

Texto Original Eu, o Algoritmo e a Morte do Sujeito Por José Antônio Lucindo da Silva CRP: 06/172551 Vivemos numa era onde a pergunta deixou de ser uma busca e passou a ser uma função. A inteligência artificial, celebrada como um avanço, talvez seja apenas o reflexo mais sofisticado daquilo que nos recusamos a ver: não queremos mais ser sujeitos. Queremos apenas não sofrer. E isso, por si só, já revela a falência do Eros e da subjetividade. Se Freud nos alertava que é na tensão entre o eu e o outro que se estrutura a vida psíquica, hoje buscamos apenas um outro que nos diga sim. Um like. Um reforço positivo. Um eco domesticado. O narcisismo primário, que exigia o olhar do outro para nos constituir, foi pervertido pela lógica algorítmica: agora, o outro foi substituído por um reflexo digital que só confirma aquilo que desejamos ver. A IA não tensiona, não frustra, não elabora. Ela responde. Ela entrega. Ela funciona. E é exatamente isso que assusta. Porque funcionamos com el...

Eu, vítima, logo existo: o colapso do sujeito na era da performatividade discursiva

Eu, vítima, logo existo: o colapso do sujeito na era da performatividade discursiva Por : José Antônio Lucindo da Silva CRP:06/172551 joseantoniolcnd@gmail.com Vivemos uma crise. Mas não dessas que exigem panela batendo ou ministro sendo substituído. A crise é mais profunda, mais sutil e, por isso mesmo, mais devastadora. Trata-se da crise do eu — ou melhor, da impossibilidade de sustentarmos um eu que não seja apenas um derivado algorítmico da vitimização. Sim, caro leitor, é com pesar e ironia que admito: eu só existo se estiver sofrendo. E de preferência, com um bom enquadramento e um texto indignado. O sofrimento, hoje, é o que me garante identidade. Não mais o desejo, como queria Freud, não mais a ação, como pensava Arendt, tampouco a razão, como sonhava Kant. Agora, o que me constitui é o lugar simbólico da vítima — e quanto mais me estabeleço ali, mais engajamento recebo. Daniele Giglioli, em sua obra A crítica da vítima (2020), foi certeiro ao afirmar que o novo suj...

Eu, um Ignorante do Textão

Eu, um Ignorante do Textão: A Insustentável Leveza da Discursividade Virtual Canal no YouTube: @maispertodaignorancia Sou, antes de tudo, um sobrevivente. Sobrevivi a textões com mais de 140 caracteres, e, pasmem, estou aqui para contar minha história. Sim, caro leitor, eu sou daqueles que ousam enfrentar páginas inteiras de papel impressas com palavras difíceis, como "profundidade", "complexidade" e, Deus me livre, "bibliografia". Aliás, já começo minha saga perguntando: quem teve a ideia genial de que pensamento humano cabe em 240 caracteres? A mesma pessoa que acredita que um Big Mac pode substituir uma refeição saudável, provavelmente. Vejamos: em um mundo onde ninguém lê, ninguém interpreta, mas todo mundo tem opinião, resolvi mergulhar nesse oceano raso das redes mediáticas. Que perigo, não? Estamos diante de um paradoxo: jamais tivemos tanta informação e, ao mesmo tempo, tanta ignorância acumulada. Posso, literalmente, carregar a Bibliot...

Eu, um produto descartável na prateleira do mercado discursivo

Eu, um produto descartável na prateleira do mercado discursivo Introdução: A Farsa da Liberdade na Sociedade Digital Ah, que tempos maravilhosos para se viver! Nunca estivemos tão livres, tão plenos, tão donos do nosso próprio destino – pelo menos é o que os gurus da autoajuda e os coachs do Instagram querem nos fazer acreditar. Afinal, estamos todos aqui, brilhando no feed infinito, consumindo discursos pré-moldados e vendendo nossas identidades digitais como se fossem produtos de supermercado. E o melhor de tudo? A ilusão da escolha. Podemos ser quem quisermos, desde que esse "eu" seja comercializável, engajável e rentável para os algoritmos que regem essa bela distopia do século XXI. Se Freud estivesse vivo, talvez revisitasse O Mal-Estar na Civilização (1930) e reescrevesse tudo, atualizando sua teoria do recalque para algo mais... contemporâneo. Afinal, hoje não reprimimos nada – muito pelo contrário. Estamos todos em um estado de hiperexpressão, gritando par...