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A Terapia Algorítmica e o Funeral do Recalque

A Terapia Algorítmica e o Funeral do Recalque Vivemos uma era curiosa — talvez cômica, talvez trágica. Uma era em que a dor precisa caber em 280 caracteres, o desejo deve ser monetizável, e a angústia, se não gerar engajamento, é ignorada pelo algoritmo. Me disseram que agora temos terapeutas digitais. IAs que acolhem, sugerem e “escutam”. E o melhor: nunca dormem, nunca atrasam, e jamais interpretam de um jeito que te deixe desconfortável. Um sonho, não? Mas vamos com calma. Suponha que alguém, perdido em sua existência instagrâmica, resolva procurar ajuda. Vai até seu chatbot favorito e desabafa: “Sinto um vazio”. A IA, rápida e prestativa, responde: “Você já tentou mindfulness e uma playlist de lo-fi beats?” A pergunta que me assombra é: de qual vida esse sujeito está falando? Da sua materialidade concreta ou da sua performance digital cuidadosamente curada? A IA só tem acesso ao discurso midiático, ao “eu funcional”, como nos alertou Byung-Chul Han (2017), aquele que pe...