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Arquivo Crítico MPI | Suicídio, Tecnologia e Terapias Alternativas

Arquivo Crítico MPI | Suicídio, Tecnologia e Terapias Alternativas 📌 ARQUIVO CRÍTICO MPI | Suicídio, Tecnologia e Terapias Alternativas Introdução Este arquivo reúne publicações que atravessam o eixo do Mais Perto da Ignorância sobre suicídio, inteligências artificiais e terapias alternativas digitais. Cada entrada é registrada com data e hora do momento em que foi elaborada neste espaço, funcionando como cicatriz discursiva: nem solução, nem consolo — mas reflexão. Seguimos, portanto, o que Camus chamou de “a única pergunta filosófica”. O que está em jogo aqui não é a universalidade, mas a materialidade da condição brasileira, marcada por precariedade, ansiedade e depressão. As comparações com autores estrangeiros servem apenas como espelho, não como padrão. 📌 ARQUIVO CRÍTICO MPI | Suicídio, Tecnologia e Terapias Alternativas Introdução Este arquivo reúne publicações que atravessam o eixo do Mais Perto da Ignorância sobre suicídio, inteligências artificiais e...

Mente Alugada: A Voz Interior como Produto Neuro-econômico

Mente Alugada: A Voz Interior como Produto Neuro-econômico #maispartodaignorancia A neurociência invade nossa intimidade com a gravidade de quem sabe que, em breve, nossas “vozes interiores” poderão ser ouvidas como anúncios invasivos. O recente estudo do projeto BrainGate2 — sintetizando pensamentos em palavras “ouvíveis” — não restaura a humanidade: mercantiliza nossa consciência. Publicado em 14 de agosto de 2025, no prestigiado Cell, o trabalho de Kunz, Willett e colaboradores mostrou que máquinas conseguem decodificar aquilo que imaginamos dizer, com até 74 % de exatidão, ativando uma zona cinzenta entre o dentro e o fora, entre o subjetivo e o comercial . Isso nos lembra Bauman: a modernidade líquida transforma tudo — até o gesto mental mais íntimo — em dado, em mensagem a ser capturada, monetizada, transacionada. Aqui, a voz interior é reduzida a um ativo neuroeconômico, sujeito a licitação por algoritmos e chips. Não há esperança redentora, só mais uma capitalizaçã...

Entre a chupeta e o colapso: quando o eu se dissolve em dados

Entre a chupeta e o colapso: quando o eu se dissolve em dados 🎧👉 Podcast O que antes era um gesto infantil hoje se tornou performatividade de influenciador: adultos postando selfies com chupetas na boca. Parece só mais uma excentricidade algorítmica, mas esse gesto é sintoma de uma forma mais profunda de regressão psíquica: não à infância real, mas à simulação digital de um eu que nunca precisou se construir. Um eu que se autorreconhece apenas por aquilo que consegue registrar, postar, filtrar, medir e repetir. Um eu que deixou de ser corpo para virar input. Neste ensaio, à luz da psicanálise freudiana e dos atravessamentos contemporâneos de autores como Zuboff, Roudinesco, Twenge e Han, exploramos as dimensões psíquicas, sociais e materiais desse novo modo de existir. O projeto Mais Perto da Ignorância não propõe saídas, mas perfurações. E não há ironia maior do que a de uma sociedade onde a regressão infantil se torna marca de estilo e algoritmo de engajamento. ...

Entre o delírio químico e o mercado da consciência

Entre o delírio químico e o mercado da consciência Fonte original: https://theconversation.com/alem-do-cerebro-como-psicodelicos-e-organoides-estao-redefinindo-a-neurociencia-262584  O texto da The Conversation celebra, com o entusiasmo habitual da ciência em modo TED Talk, a convergência entre psicodélicos e organoides cerebrais como se estivéssemos diante da nova fronteira libertadora da neurociência. A promessa é tentadora: entender e talvez “reparar” a mente humana pela manipulação de estados de consciência e pela miniaturização do cérebro em laboratório. É o tipo de narrativa que se encaixa no imaginário contemporâneo: otimista, sedutora, com o verniz científico suficiente para neutralizar a dúvida. Mas o que não é dito — e é aqui que começa o incômodo — é que essa euforia ocorre num momento histórico em que a própria experiência subjetiva está colonizada por métricas, produtividade e vigilância digital. Não estamos explorando o “mistério” da mente: estamos produzi...

O delírio do código aberto: quem pensa quando a máquina finge?

O delírio do código aberto: quem pensa quando a máquina finge? Fonte original: https://oglobo.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2025/08/05/openai-lanca-modelos-abertos-de-inteligencia-artificial-capazes-de-realizar-raciocinio-complexo.ghtml #maispertodaignorancia Texto crítico: A OpenAI acaba de abrir o cofre. Modelos “abertos” de inteligência artificial agora são capazes — diz o marketing — de realizar raciocínio complexo. A promessa não é nova: maquinar a razão como se ela pudesse ser exportada, empacotada e entregue em API. O inédito é o cinismo com que se simula transparência para o que continua sendo, estruturalmente, uma caixa-preta — só que agora open source. De onde vem essa ânsia por “raciocinar” maquinalmente? Seria ingenuidade supor que ela nasce do desejo humano de compreender mais. Ao contrário, como nos alerta Bauman em Em busca da política, vivemos a liquefação das decisões e a externalização das escolhas. A máquina não pensa por nós. Ela pensa em lugar d...

O CL1 não pensa — mas já nos imita

O CL1 não pensa — mas já nos imita Fonte original:  https://www.tempo.com/noticias/ciencia/cl1-e-o-primeiro-computador-com-neuronios-humanos-cultivados-em-laboratorio-esta-a-venda-e-pode-superar-a-ia.html #maispertodaignorancia Texto crítico: A manchete já carrega a promessa narcísica do nosso tempo: “superar a IA”. Mas o CL1, primeiro computador com neurônios humanos cultivados em laboratório, não pretende raciocinar — apenas aprender. Trata-se da biotecnologização da cognição, onde o pensar é reduzido a uma repetição adaptativa, e a singularidade humana, mais uma vez, terceirizada ao mercado. Nada de novo sob o sol artificial dos laboratórios: o algoritmo virou carne, mas segue obedecendo. Byung-Chul Han já denunciava o terror do igual: vivemos uma era onde o outro — radical, incômodo, imprevisível — é expulso, e em seu lugar reina o mesmo. O CL1 não representa um salto ontológico, mas sim um loop hipertecnológico da performance. Ele não produz pensamento, apenas resp...