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A mostrar mensagens com a etiqueta vigilância emocional

A Indústria do Bem e a Política da Anestesia: O Mal como Sintoma Psicossocial Brasileiro

A Indústria do Bem e a Política da Anestesia: O Mal como Sintoma Psicossocial Brasileiro #maispertodaignorancia Podcast Mais perto da ignorância Canal Mais Perto da Ignorância Resumo Neste artigo, proponho uma análise psicossocial da forma como o "bem" tem sido instrumentalizado na cultura contemporânea brasileira. Parto de vivências clínicas, inquietações pessoais e leituras que tensionam a performatividade emocional e a mercantilização da ética. A tese central é que o Mal perdeu sua face espetacular e se traveste de cuidado algorítmico, empatia publicitária e positividade compulsória. Dialogando com Freud, Bauman, Han, Cioran e Zuboff, argumento que a dor foi silenciosamente convertida em falha individual — e que preservar o desconforto é um ato ético. Palavras-chave: subjetividade, sofrimento, vigilância emocional, indústria do bem, crítica psicossocial. 1. Introdução Sou psicólogo clínico e, antes de qualquer rótulo, sujeito atravessado p...

Proibir ou performar? O novo moralismo digital australiano

Proibir ou performar? O novo moralismo digital australiano Link original: https://share.google/vL1ImOBZ4iDJJXQ41 #maispertodaignorancia À primeira vista, a proposta australiana de banir adolescentes de redes sociais parece uma tentativa tardia de salvar um sujeito já em decomposição. Seria um gesto de cuidado, se não estivesse encharcado de controle. Seria uma política de proteção, se não soasse como mais uma performance de virtude neoliberal. Mas a história é outra. Segundo o projeto do governo de Victoria, jovens com menos de 16 anos só poderão acessar redes sociais mediante autorização parental comprovada por identificação digital. Parece razoável — afinal, quem não quer proteger “nossas crianças”? O problema é que essa retórica esconde um duplo movimento: o da terceirização da autoridade moral e o da intensificação do rastreamento identitário. Em nome da infância, instala-se mais um algoritmo de vigilância. Freud já nos alertava: onde há repressão, há retorno do recalca...

O luto virou problema de comunicação?

O luto virou problema de comunicação? (https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2025/07/17/as-6-frases-que-nao-devem-ser-ditas-a-alguem-que-esta-de-luto.ghtml) É curioso como até a dor precisa seguir protocolos discursivos. A matéria alerta para as “frases que não devem ser ditas” a alguém enlutado, como se a experiência do luto pudesse ser administrada por um manual de boas práticas. Em um tempo em que a empatia se tornou um protocolo automático de linguagem e o silêncio, uma ameaça à performance emocional, até o luto virou um campo de disputa entre o que se deve ou não dizer. #MaisPertodaIgnorancia O luto, enquanto experiência radical da finitude, confronta o tempo cronológico e a lógica utilitária. Mas ao que parece, nem mesmo ele escapa da positividade tóxica da contemporaneidade. O enlutado hoje deve ser acolhido, mas dentro do script; deve sofrer, mas de forma elegante e não-incômoda; deve elaborar, mas rápido, funcional, e preferencialmente com legenda. As...