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Entre o Like e o Lixo: a infância terceirizada à economia da atenção

Entre o Like e o Lixo: a infância terceirizada à economia da atenção 🎧👉 Podcast Mais perto da ignorância O Brasil nunca precisou de uma revolução tecnológica para esquecer da sua infância — bastou um smartphone e um pacote de dados parcelado em 12 vezes. É curioso como, em pleno 2025, conseguimos manter duas narrativas aparentemente opostas correndo lado a lado: de um lado, influenciadores como Felca, que com humor e sarcasmo denunciam a adultização de crianças nas redes; de outro, intelectuais e pesquisadores que, como Lenina Vernucci da USP, analisam o mesmo fenômeno sob a lente da desigualdade e da exploração digital. Ambos certos. Ambos incompletos. Porque, no fundo, o problema não está só no TikTok ou na “moda” das lives de NPC: está naquilo que antecede essas telas, no que Freud chamaria de recalque civilizacional, atualizado em streaming e monetização. A CPI sobre adultização infantil no Senado — uma rara frente ampla, segundo matéria da CartaCapital (https://www.c...

Escolixo: quando o Brasil ensina a não aprender

Escolixo: quando o Brasil ensina a não aprender Fonte: https://www.agazeta.com.br/educares/escolixo-termo-ganha-forca-nas-redes-sociais-e-acende-sinais-de-alerta-0825 O neologismo “escolixo” não nasceu para a academia — e talvez seja por isso que tenha se espalhado tão rápido. É tosco, imediato, memético. Uma palavra de bolso, perfeita para as timelines, carregada de uma crítica que não se pretende sofisticada: a escola é lixo. Mas o que poderia ser lido como mera irreverência adolescente se revela, no fundo, como sintoma de um paradoxo estrutural brasileiro: desvaloriza-se uma instituição que nunca foi plenamente valorizada, enquanto se sacraliza um ambiente — as redes sociais — que jamais teve compromisso algum com a formação crítica. O Brasil demorou para ter escola pública, universal e gratuita. A primeira lei que estabeleceu a obrigatoriedade do ensino primário data do final do século XIX, mas foi pouco ou nada cumprida. Até meados do século XX, a maioria dos brasileir...

Superdotados de Invisibilidade

Superdotados de Invisibilidade Fonte Inicial Superdotados de Invisibilidade Se os dados são os novos deuses do discurso, que fé estamos alimentando ao repetir — ano após ano — que o Brasil tem milhões de analfabetos, que as crianças não leem, que os jovens não aprendem? Não questiono a veracidade, questiono o que se cala entre as estatísticas. Os links, essas portas de entrada para os dados, não conduzem à emancipação, mas à desistência programada. E o mais inquietante é que até mesmo da educação funcional só nos restam gráficos do fracasso. Parece que o país, ao invés de ensinar, escolheu contar quantos não aprendem. E onde estão os superdotados? Onde estão os talentos que surgem na periferia, nos sertões, nas quebradas? Não estão. Não porque não existam, mas porque não são contados. A ausência de dados sobre a inteligência criativa do povo não é descuido: é projeto. Sangrar esse discurso é mostrar que, ao focar apenas nos que “fracassam”, o sistema nega o desejo, o sonho ...

ENTRE O CHATGPT E O BOLETO: UM RETRATO IRÔNICO DO ANALFABETISMO FUNCIONAL E DIGITAL NO BRASIL HIPER-ALGORITMIZADO

Fonte ENTRE O CHATGPT E O BOLETO: UM RETRATO IRÔNICO DO ANALFABETISMO FUNCIONAL E DIGITAL NO BRASIL HIPER-ALGORITMIZADO José Antônio Lucindo da Silva – #maispertoignorancia Resumo Embora 53 % dos trabalhadores brasileiros já acionem agentes de IA no expediente, quase um terço mal domina operações básicas de cópia-e-cola e 29 % permanece no limbo do analfabetismo funcional. O presente artigo examina, em chave irônica e crítico-reflexiva, o descompasso entre a retórica da “Nação 4.0” e a realidade de uma força de trabalho que terceiriza ao algoritmo aquilo que não aprendeu a fazer com lápis e papel. A partir de dados recentes de INAF, IBGE, Anatel, CETIC.br e Michael Page, articula-se um diagnóstico psico-sócio-tecnológico que expõe a conversão do sujeito em operador de prompt e questiona o fetiche nacional pela inovação sem alfabetização. Palavras-chave: alfabetismo funcional; habilidades digitais; inteligência artificial; Brasil; crítica cultural. 1 | Introdução O Brasil ce...