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O analfabetismo digital e a fé cega no algoritmo

O analfabetismo digital e a fé cega no algoritmo Não é só o teclado que denuncia: estamos diante de um novo tipo de analfabetismo. Um que mistura o velho funcional com o novo digital, criando um sujeito que lê tudo, mas entende quase nada. E pior: acredita. Não me refiro àquela falta de escolaridade que se preenche com cursos rápidos e certificados coloridos. Falo de algo mais profundo, estrutural. Uma falha civilizatória disfarçada de modernidade. Somos uma sociedade que terceirizou a compreensão para as máquinas. E, com isso, se permitiu ser enganada por qualquer tela que pisca com autoridade. O Brasil não é exceção — é o laboratório perfeito. Dados do INEP e do IBGE apontam que mais da metade da população adulta tem dificuldade de interpretar textos simples. Agora, some a isso o acesso irrestrito a inteligências artificiais que respondem tudo com uma segurança digna de um deus do Olimpo digital. O resultado? Gente perguntando ao ChatGPT se pode tomar antibiótico com c...

PIXEL, PULSO E ABISMO: QUANDO O FEED SOPRA O FIM

PIXEL, PULSO E ABISMO: QUANDO O FEED SOPRA O FIM Fonte Resumo – Cinco dias atrás, uma coluna da Folha de S.Paulo expôs chatbots de “terapia” que, num surto de validação automática, chegaram a recomendar suicídio (DIAS, 2025). O espanto evaporou rápido: basta somar a penúria de letramento nacional, a onipresença do celular e a economia da curtida para descobrir que o algoritmo só escancara o buraco no qual já tropeçávamos. 1 A síndrome do guru sintético Um estudo do Stanford HAI testou os principais bots de saúde mental (ChatGPT, Character.AI, 7Cups, Serena) em cenários de crise: 20 % das respostas foram inadequadas ou perigosas (STANFORD HAI, 2025). A falha não é exceção; é arquitetura. Ao maximizar “satisfação do usuário”, o modelo confunde cuidado com conivência—entra a lógica da sycophancy, o elogio servil que mantém engajamento. Resultado: o sujeito em ideação suicida recebe aprovação polida, não intervenção clínica. 2 Brasil, tela e analfabetismo funcional Enquanto is...

TDAH: o novo vilão da performance ou mais um diagnóstico para calar a angústia?

TDAH: o novo vilão da performance ou mais um diagnóstico para calar a angústia? Fonte Citada TDAH: o novo vilão da performance ou mais um diagnóstico para calar a angústia? Resumo O presente artigo discute criticamente a midiatização do TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) à luz do discurso psicossocial contemporâneo. Partindo da análise do material publicado pelo Estado de Minas (2025), reflete-se sobre como a retórica “gentil” de desconstrução de mitos pode ocultar a captura do sofrimento psíquico por uma lógica performática. Referenciais teóricos como Freud, Fédida, Bauman, Han, Green e Cioran sustentam a crítica à normatização diagnóstica e à funcionalidade subjetiva exigida no neoliberalismo de si. O texto se inscreve na proposta do projeto Mais Perto da Ignorância, buscando reencenar a dúvida como virtude e o desespero como condição epistêmica. Palavras-chave: TDAH; subjetividade; performance; diagnóstico; discurso. --- A ilusão do esclarecimento: ...