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A mostrar mensagens com a etiqueta INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

A máquina sonha por nós. E nós dormimos em paz

A máquina sonha por nós. E nós dormimos em paz. Fonte: (Harari: Podemos ficar presos no sonho de uma IA - 03/08/2025 - Mercado - Folha https://share.google/u6jvCNFKhJuQGDAZ6) #maispertodaignorancia Enquanto Harari alerta para um possível aprisionamento no “sonho da inteligência artificial”, seguimos conectados e conformados. Não se trata de um pesadelo futuro — é um estado já vivido, domesticado, e, pior: desejado. O perigo não está na IA sonhar por nós, mas em não querermos mais acordar. O historiador israelense Yuval Harari — aquele que diz verdades banais com voz de oráculo — reaparece no noticiário com sua última epifania: podemos ficar presos no “sonho da IA”. Como se fosse um futuro. Como se ainda não estivéssemos flutuando nesse devaneio sintético, entre likes, diagnósticos automatizados e playlists de emoções pré-programadas. A “ameaça” de Harari é uma cortina de fumaça suave: denuncia o risco ao mesmo tempo em que legitima sua base. Pois para que a IA nos prenda, é...

A inteligência que desliga o humano

A inteligência que desliga o humano 🔗 Fonte original: Fast Company Brasil – Nicolelis critica hype da IA #maispertodaignorancia Você confiaria sua angústia a um algoritmo? Ou melhor: quem ganha com a ideia de que o sofrimento pode ser deletado com uma linha de código? O entusiasmo com a inteligência artificial, tão frenético quanto dogmático, revela menos um avanço da razão e mais um pânico da finitude. O que Miguel Nicolelis denuncia não é a IA em si, mas o projeto psíquico por trás dela: apagar a fragilidade, higienizar o erro, automatizar a dúvida. 1. Um fetiche chamado algoritmo Nicolelis, neurologista e herege honorário do tecnocapitalismo, rompe com o otimismo pasteurizado das startups. Enquanto CEOs prometem cérebros em nuvem, ele insiste na intransferível densidade do corpo, na inteligência encarnada, no pensamento como sintoma — e não como sistema. Em tempos de adoração algorítmica, esse gesto é revolucionário: ele lembra que só pensa quem sente. A cultura do Vale...

Dominado, logo substituível!

Diplomado, logo substituível Podcast (https://exame.com/carreira/profissional-mais-afetado-pela-ia-sera-aquele-com-diploma-que-pensava-estar-seguro-diz-ceo-5/) Há algo profundamente revelador no alerta do CEO da Adecco Group: “o profissional mais afetado pela IA será aquele com diploma, que pensava estar seguro”. Seria cômico, não fosse trágico. A educação, outrora passaporte para a ascensão social e segurança profissional, tornou-se, paradoxalmente, o atestado de obsolescência de muitos. É a ironia suprema da meritocracia: o esforço, agora, pode significar apenas que você estudou para ser superado por um algoritmo mais rápido e incansável. Talvez estejamos diante do colapso simbólico do diploma. Não porque o conhecimento tenha perdido valor, mas porque a nova forma de valor não tolera demora, elaboração, nem dúvida. O algoritmo não precisa de cafés para pensar. Ele responde. Certeiro. Sem angústia. E isso é o que se quer. Nada de pausa existencial. Nada de “deixe-m...

Diagnóstico ou Sentença? A Inteligência Artificial no espelho da memória que esquecemos de viver

Diagnóstico ou Sentença? A Inteligência Artificial no espelho da memória que esquecemos de viver (https://www.msn.com/pt-br/saude/medicina/ia-pode-identificar-pacientes-com-risco-de-alzheimer-e-ajudar-a-determinar-tratamento-precoce-diz-estudo/ar-AA1IPdaM) A matéria anuncia com entusiasmo o uso da Inteligência Artificial para identificar precocemente o risco de Alzheimer, sugerindo que o futuro da medicina reside na prevenção algorítmica. Mas o que estamos de fato prevenindo? A doença ou o próprio tempo? #MaisPertodaIgnorancia Vivemos em uma era em que a memória — antes humana, carregada de afetos, dores, lapsos e narrativas — torna-se um dado a ser lido por máquinas. A IA não apenas mede os esquecimentos, mas os antecipa. Não haverá mais espaço para esquecer-se aos poucos de quem se é. Agora, antes mesmo de nos perdermos de nós, um sistema nos encontrará e nos etiquetará: “em risco”. O risco deixa de ser uma possibilidade incerta e passa a ser mais uma mercadoria...

A FANTASIA DO PENSAMENTO AUTOMATIZADO: UMA RESPOSTA CRÍTICA AO NOVO MODELO DE IA QUE "PENSA COMO UMA PESSOA

A FANTASIA DO PENSAMENTO AUTOMATIZADO: UMA RESPOSTA CRÍTICA AO NOVO MODELO DE IA QUE "PENSA COMO UMA PESSOA"   Acesse nosso Canal no YouTube Em julho de 2025, a CNN Brasil publicou uma matéria intitulada "Novo modelo de IA consegue pensar como uma pessoa". O texto, disponível em  [https://stories.cnnbrasil.com.br/tecnologia/novo-modelo-de-ia-consegue-pensar-como-uma-pessoa/] (https://stories.cnnbrasil.com.br/tecnologia/novo-modelo-de-ia-consegue-pensar-como-uma-pessoa/), apresenta os avanços do modelo de inteligência artificial o1 da OpenAI, destacando sua capacidade de "raciocinar por mais tempo, considerar diferentes estratégias e revisar seus erros". Em outras palavras, de "pensar". Mas o que, afinal, significa pensar? E quem ganha com a disseminação dessa narrativa tecnicista?   Essa análise parte das reflexões propostas pelo projeto "Mais Perto da Ignorância", que procura tensionar discursos midiáticos e tecno...

O analfabetismo digital e a fé cega no algoritmo

O analfabetismo digital e a fé cega no algoritmo Não é só o teclado que denuncia: estamos diante de um novo tipo de analfabetismo. Um que mistura o velho funcional com o novo digital, criando um sujeito que lê tudo, mas entende quase nada. E pior: acredita. Não me refiro àquela falta de escolaridade que se preenche com cursos rápidos e certificados coloridos. Falo de algo mais profundo, estrutural. Uma falha civilizatória disfarçada de modernidade. Somos uma sociedade que terceirizou a compreensão para as máquinas. E, com isso, se permitiu ser enganada por qualquer tela que pisca com autoridade. O Brasil não é exceção — é o laboratório perfeito. Dados do INEP e do IBGE apontam que mais da metade da população adulta tem dificuldade de interpretar textos simples. Agora, some a isso o acesso irrestrito a inteligências artificiais que respondem tudo com uma segurança digna de um deus do Olimpo digital. O resultado? Gente perguntando ao ChatGPT se pode tomar antibiótico com c...

O sujeito não está mais aqui: correção, conexão e consolo em tempos de IA

O sujeito não está mais aqui: correção, conexão e consolo em tempos de IA Resumo: O presente artigo explora, em primeira pessoa, o sumiço do sujeito no contexto contemporâneo dominado por inteligências artificiais e performances digitais. Parte-se de três notícias recentes que, a pretexto de avanços tecnológicos, denunciam a substituição da escuta pela correção, da relação pela interface e do sofrimento pela performance. Entre links, falas de especialistas e uma boa dose de ironia ácida, sugere-se que o sujeito não desapareceu: ele foi deletado, suavemente, com emoji de aprovação.   Se você procurar bem, talvez encontre o sujeito entre os termos de uso. Não na escola, onde a correção da redação já pode ser feita por um robô que distribui notas altas a textos vazios. Também não na terapia, onde outro robô, gentil e acolhedor, oferece escuta sem escuta, fala sem escuta e ausência sem falta. Muito menos nas redes, onde somos todos conectados, mas estranhamente s...

ENTRE O CHATGPT E O BOLETO: UM RETRATO IRÔNICO DO ANALFABETISMO FUNCIONAL E DIGITAL NO BRASIL HIPER-ALGORITMIZADO

Fonte ENTRE O CHATGPT E O BOLETO: UM RETRATO IRÔNICO DO ANALFABETISMO FUNCIONAL E DIGITAL NO BRASIL HIPER-ALGORITMIZADO José Antônio Lucindo da Silva – #maispertoignorancia Resumo Embora 53 % dos trabalhadores brasileiros já acionem agentes de IA no expediente, quase um terço mal domina operações básicas de cópia-e-cola e 29 % permanece no limbo do analfabetismo funcional. O presente artigo examina, em chave irônica e crítico-reflexiva, o descompasso entre a retórica da “Nação 4.0” e a realidade de uma força de trabalho que terceiriza ao algoritmo aquilo que não aprendeu a fazer com lápis e papel. A partir de dados recentes de INAF, IBGE, Anatel, CETIC.br e Michael Page, articula-se um diagnóstico psico-sócio-tecnológico que expõe a conversão do sujeito em operador de prompt e questiona o fetiche nacional pela inovação sem alfabetização. Palavras-chave: alfabetismo funcional; habilidades digitais; inteligência artificial; Brasil; crítica cultural. 1 | Introdução O Brasil ce...

Automatize tudo, inclusive o seu próprio espanto. Depois me diga se sobrou sujeito para gozar desse milagre

No marketing das buzzwords, a “transformação digital” já soa como música de elevador; o hit do momento é o mantra AI-first. Empresas mundo afora começam a projetar produtos, processos e até culturas tendo a IA como engrenagem central — e não mais como plug-in tardio. A promessa: ganhos exponenciais de produtividade. A realidade brasileira: infraestrutura frágil, déficit de meio milhão de profissionais de TI e uma elite corporativa que ainda confunde chatbot com estratégia. Entre o hype e a precariedade, a mensagem é clara: ou se coloca inteligência no centro ou ficamos no anexo “em desenvolvimento” das estatísticas globais. 1. Da transformação digital ao dogma AI-first A virada conceitual já aparece em relatórios de mercado e na imprensa internacional. Brian Solis, na Forbes, destaca que o discurso de “digitalização” foi engolido por uma exigência de business transformation guiada por IA. A * CIO* resume a transição como troca de uma “transformação linear” por uma “transfor...

IA, espelho da demanda: o erro, o acerto e o simulacro

IA, espelho da demanda: o erro, o acerto e o simulacro ( Link da matéria original: https://exame.com/carreira/nao-gostei-da-resposta-o-que-fazer-quando-o-chatgpt-erra-ou-entrega-pouco/) por José Antônio Lucindo da Silva – #maispertoignorancia A inteligência artificial não é uma entidade autônoma, genial, visionária. Ela é apenas um espelho discursivo polido com estatísticas. E o mais irônico? Estamos apaixonados pela nossa própria imagem refletida nesse espelho sintático. Não é que desejamos a IA.  Nós demandamos por ela. E essa diferença é brutal. O desejo, como Freud nos ensinou, é falta, tensão, elaboração. A demanda é imediata, ansiosa, performática. A IA não responde ao desejo — ela o sufoca com dados, modelos e predições que parecem saber mais sobre nós do que nós mesmos. Mas que, na verdade, só repetem o que já dissemos, com um verniz técnico que mascara o vazio de sentido. O artigo da revista Exame (“Não gostei da resposta: o que fazer quando o ChatGPT erra ou e...

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL OU APOSTAS NUM TABULEIRO DE IGNORÂNCIA:quando a fé tecnológica dispensa a destreza digital

Fonte da Opinião INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL OU APOSTAS NUM TABULEIRO DE IGNORÂNCIA: quando a fé tecnológica dispensa a destreza digital José Antônio Lucindo da Silva¹ ¹ Psicólogo – CRP 06/172551 | Blog Mais Perto da Ignorância Resumo A adoção apressada de soluções de Inteligência Artificial (IA) nas empresas tem gerado um paradoxo: quanto maior o investimento em sistemas sofisticados, maior o desperdício de recursos humanos por falta de destreza digital . Partindo do artigo de Machado (2025) publicado na Exame – que revela a improdutividade das organizações que ignoram o treinamento de suas equipes – discuto, em primeira pessoa, como a tecnologia pode se tornar um anestésico do pensamento crítico. Apoio-me em Han, Bauman e Zuboff para mostrar que a IA, quando divorciada de reflexão, apenas amplifica velhos vícios: hierarquias pouco participativas, dashboards performáticos e um culto ao dado que dispensa o “dizer-sim” da dúvida. Concluo que destreza digital não é habilid...