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A mostrar mensagens com a etiqueta neurociência

O ruído como sintoma civilizatório: quando o silêncio é privatizado e o barulho se torna norma

O ruído como sintoma civilizatório: quando o silêncio é privatizado e o barulho se torna norma Fonte:  https://www.bbc.com/portuguese/articles/cx276gp5j18o Introdução Vivemos cercados por uma poluição invisível, mas talvez mais corrosiva do que a fumaça das fábricas ou os anúncios luminosos das avenidas digitais: o ruído. Não falo apenas do barulho do trânsito ou do cachorro do vizinho, mas do tremor contínuo de sons menores, quase imperceptíveis, que, somados, constroem uma atmosfera insuportável. A BBC Future trouxe à tona um fenômeno pouco discutido: a sensibilidade ao ruído — uma condição biológica, psíquica e social que atinge até 40% da população, mas que ainda não é reconhecida como diagnóstico formal. Na prática, significa viver em estado de hipervigilância acústica, onde o cérebro não consegue desligar os canais sonoros, transformando o ambiente em um campo minado de incômodos constantes. Este artigo busca tensionar o tema sob três dimensões: biológica, psicoló...

Entre o delírio químico e o mercado da consciência

Entre o delírio químico e o mercado da consciência Fonte original: https://theconversation.com/alem-do-cerebro-como-psicodelicos-e-organoides-estao-redefinindo-a-neurociencia-262584  O texto da The Conversation celebra, com o entusiasmo habitual da ciência em modo TED Talk, a convergência entre psicodélicos e organoides cerebrais como se estivéssemos diante da nova fronteira libertadora da neurociência. A promessa é tentadora: entender e talvez “reparar” a mente humana pela manipulação de estados de consciência e pela miniaturização do cérebro em laboratório. É o tipo de narrativa que se encaixa no imaginário contemporâneo: otimista, sedutora, com o verniz científico suficiente para neutralizar a dúvida. Mas o que não é dito — e é aqui que começa o incômodo — é que essa euforia ocorre num momento histórico em que a própria experiência subjetiva está colonizada por métricas, produtividade e vigilância digital. Não estamos explorando o “mistério” da mente: estamos produzi...

Inteligência artificial, infância artificial: o QI que interessa ao mercado

Inteligência artificial, infância artificial: o QI que interessa ao mercado Link original: https://oantagonista.com.br/ladooa/tecnologia/o-efeito-inesperado-do-videogame-no-qi-das-criancas-segundo-a-ciencia/ A curva do QI como índice de domesticabilidade cognitiva Uma manchete que afirma que "videogames aumentam o QI de crianças" parece, à primeira vista, um pequeno alívio no abismo de angústia que cerca o pânico moral das telas. Mas, como todo discurso científico que adquire popularidade nas redes sociais, ele precisa ser interrogado não só pelo que diz, mas principalmente pelo que não diz. Ao propor que o QI aumenta com o videogame, a matéria publicada pelo site  O Antagonista, baseada em um estudo da Karolinska Institutet com mais de 9 mil crianças nos EUA, revela mais sobre o estado da ciência contemporânea e sobre o modelo de infância que estamos fabricando do que sobre o potencial cognitivo real dos jogos digitais. Diz o estudo:  crianças que jogam mais vide...