Rolando o feed até o esgotamento: quando o prazer mínimo é a nossa sentença máxima É curioso — ou talvez trágico — perceber como a primeira ação de milhões de brasileiros ao acordar não é respirar fundo, espreguiçar-se ou sentir a luz da manhã, mas sim deslizar o dedo por uma tela brilhante. Um gesto simples, quase imperceptível, que, na verdade, condensa um século de transformações na economia psíquica, social e política. Segundo levantamento das empresas We Are Social e Meltwater, em 2024 havia 187,9 milhões de internautas no Brasil — 86,6% da população — conectados em média 9 horas e 13 minutos por dia, majoritariamente por smartphones. É o equivalente a passar mais de um terço da vida desperto mergulhado em um oceano algorítmico, onde a superfície reluz, mas o fundo é invisível. Essa vida atravessada pela conectividade não é neutra. Ela redefine o que entendemos por corpo, tempo, prazer e até sofrimento. Freud, em O mal-estar na civilização, já advertia que a técnica am...
"Mais Perto da Ignorância é um espaço de reflexão crítica sobre os paradoxos da existência contemporânea. Explorando temas como tecnologia, discursividade, materialidade e consumo, inspira-se em autores como Byung-Chul Han, Freud e Nietzsche. O blog questiona narrativas dominantes, desmistifica ilusões e convida ao diálogo profundo. Aqui, ignorância não é falta de saber, mas um confronto com dúvidas e angústias, desafiando verdades superficiais e mercantilizadas.” — José Antonio Lucindo da Silva