Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens com a etiqueta vigilância algorítmica

Rolando o feed até o esgotamento: quando o prazer mínimo é a nossa sentença máxima

Rolando o feed até o esgotamento: quando o prazer mínimo é a nossa sentença máxima É curioso — ou talvez trágico — perceber como a primeira ação de milhões de brasileiros ao acordar não é respirar fundo, espreguiçar-se ou sentir a luz da manhã, mas sim deslizar o dedo por uma tela brilhante. Um gesto simples, quase imperceptível, que, na verdade, condensa um século de transformações na economia psíquica, social e política. Segundo levantamento das empresas We Are Social e Meltwater, em 2024 havia 187,9 milhões de internautas no Brasil — 86,6% da população — conectados em média 9 horas e 13 minutos por dia, majoritariamente por smartphones. É o equivalente a passar mais de um terço da vida desperto mergulhado em um oceano algorítmico, onde a superfície reluz, mas o fundo é invisível. Essa vida atravessada pela conectividade não é neutra. Ela redefine o que entendemos por corpo, tempo, prazer e até sofrimento. Freud, em O mal-estar na civilização, já advertia que a técnica am...

Entre o Like e o Lixo: a infância terceirizada à economia da atenção

Entre o Like e o Lixo: a infância terceirizada à economia da atenção 🎧👉 Podcast Mais perto da ignorância O Brasil nunca precisou de uma revolução tecnológica para esquecer da sua infância — bastou um smartphone e um pacote de dados parcelado em 12 vezes. É curioso como, em pleno 2025, conseguimos manter duas narrativas aparentemente opostas correndo lado a lado: de um lado, influenciadores como Felca, que com humor e sarcasmo denunciam a adultização de crianças nas redes; de outro, intelectuais e pesquisadores que, como Lenina Vernucci da USP, analisam o mesmo fenômeno sob a lente da desigualdade e da exploração digital. Ambos certos. Ambos incompletos. Porque, no fundo, o problema não está só no TikTok ou na “moda” das lives de NPC: está naquilo que antecede essas telas, no que Freud chamaria de recalque civilizacional, atualizado em streaming e monetização. A CPI sobre adultização infantil no Senado — uma rara frente ampla, segundo matéria da CartaCapital (https://www.c...

ALGORITMO, TARIFA E OUTRAS PALAVRAS QUE NÃO PAGAM O BOLETO: psicodinâmica, sociologia e materialidade do controle em rede

ALGORITMO, TARIFA E OUTRAS PALAVRAS QUE NÃO PAGAM O BOLETO: psicodinâmica, sociologia e materialidade do controle em rede Podcast Bloco 3 — O déficit explode e a juventude parcela o futuro. Resumo Escrevo do limbo entre duas pancadas: um tarifaço de 50 % que Donald Trump jura aplicar ao café que você ainda não pagou e a maioria do STF que promete destruir o Art. 19 do Marco Civil – aquele fiapo jurídico que impede o moderador amaldiçoado de remover seu meme sem ordem judicial. Chamam ambos de proteção. Proteção de quem? A conta não fecha: renúncia fiscal prevista de R$ 3,2 bi/ano, custo judicial extra de R$ 777 mi (2025‑29) e 60 % da população que só conhece a internet pelo 4 G do plano pré‑pago. Entre Freud, Marx, Bauman, Han, Zuboff e O’Neil, mostro que a retórica salvacionista gera lucro para algorítmicos e bode expiatório para jovens adultos famintos de banda e futuro. Palavras‑chave: Art. 19; tarifa; vigilância algorítmica; juventude conecta...