O cheiro do limite: quando Alzheimer, olfato e pandemia desafiam o mito da idade (São Paulo, 14/09/2025) A reportagem da Folha de S.Paulo (2025) apresenta a perda de olfato como marcador precoce para Alzheimer, mas o faz como se se tratasse de um sintoma de idosos. Sem declarar explicitamente, sugere uma “medida etária” implícita: rastrear cheiros apenas quando a velhice já chegou. É um enquadramento estatisticamente conveniente, que coloca a doença dentro de uma cronologia previsível. Mas essa cronologia não é universal. O próprio estudo citado pela Folha – publicado na Nature Communications – não limita seus achados a idosos. Ele mostra que a degeneração precoce dos axônios noradrenérgicos do locus coeruleus no bulbo olfatório, acompanhada de ativação de microglia, antecede os déficits cognitivos (WU et al., 2025). Isso desloca a discussão do “sintoma periférico” para o “marcador central”: o olfato falha antes da memória. Metanálises recentes reforçam que declínios sutis ...
"Mais Perto da Ignorância é um espaço de reflexão crítica sobre os paradoxos da existência contemporânea. Explorando temas como tecnologia, discursividade, materialidade e consumo, inspira-se em autores como Byung-Chul Han, Freud e Nietzsche. O blog questiona narrativas dominantes, desmistifica ilusões e convida ao diálogo profundo. Aqui, ignorância não é falta de saber, mas um confronto com dúvidas e angústias, desafiando verdades superficiais e mercantilizadas.” — José Antonio Lucindo da Silva