Do Alô ao Adeus: breves anotações sobre um aparelho que virou túmulo "Ninguém deveria morrer por um objeto inanimado — ainda mais um que foi criado apenas para fazer ligações." 1. Prólogo: o som do primeiro ‘alô’ O celular nasceu tímido. Um intermediador entre vozes distantes, uma solução para encontros impossíveis. Era um fio invisível que encurtava o espaço, mas não o tempo. Para usá-lo, era preciso *ligar* — verbo já em desuso. Sua função era direta, objetiva, sem mistério. Mas isso foi antes do 'eu'. 2. Mutação: do aparelho à persona Com o tempo, o celular abandonou sua modéstia. Ganhou câmeras, redes, memórias, curtidas. Deixou de ser um meio e passou a ser o espelho portátil do sujeito contemporâneo. Não se liga mais para ouvir, apenas para se ver sendo visto. A câmera frontal substituiu o ouvido. O celular se tornou um altar portátil do ego — e onde há altar, há sacrifício. 3. O ‘eu’ dentro do bolso Hoje o celular é identidade, banco de dados afetiv...
"Mais Perto da Ignorância é um espaço de reflexão crítica sobre os paradoxos da existência contemporânea. Explorando temas como tecnologia, discursividade, materialidade e consumo, inspira-se em autores como Byung-Chul Han, Freud e Nietzsche. O blog questiona narrativas dominantes, desmistifica ilusões e convida ao diálogo profundo. Aqui, ignorância não é falta de saber, mas um confronto com dúvidas e angústias, desafiando verdades superficiais e mercantilizadas.” — José Antonio Lucindo da Silva