Resumo
O presente artigo reflete, de forma irônica e crítica, sobre a decisão de grandes empresas, como Nissan, Toyota e Ford, de abandonar práticas associadas à cultura "woke". Essas medidas são analisadas sob a ótica de uma discursividade que, ao perder sua conexão com a materialidade, torna-se incapaz de sustentar mudanças reais no ambiente corporativo. Ao longo do texto, argumenta-se que essas decisões evidenciam a fragilidade de discursos identitários quando apropriados pelo capitalismo, ilustrando a dinâmica de esvaziamento e descarte típico do sistema mercantil. As referências trazem os sites utilizados como base para a análise.
Introdução
A cultura "woke" emergiu como uma tentativa de promover maior justiça social, representatividade e inclusão nos mais diversos espaços. Contudo, sua apropriação pelo capitalismo rapidamente transformou essa agenda em mais um produto mercantilizado, vulnerável à lógica de descarte do sistema. Recentemente, diversas empresas decidiram abandonar políticas alinhadas a essa cultura, alegando ineficácia ou incongruência com suas prioridades materiais. Este texto analisa, com ironia, como a discursividade woke se tornou uma "não-coisa" no ambiente corporativo, reforçando a alienação da materialidade que deveria sustentar essas práticas.
O Fracasso do Woke Corporativo
Empresas como Nissan, Toyota e Ford anunciaram publicamente a retirada de políticas relacionadas à diversidade, equidade e inclusão (DEI). A Nissan, por exemplo, declarou o fim de cotas para contratações, priorizando mérito e desempenho (REVISTA OESTE, 2024). A Toyota, sob pressão popular, decidiu encerrar seus programas woke para adotar uma postura de neutralidade, buscando reconquistar consumidores insatisfeitos (SP DIÁRIO, 2024). Já a Ford eliminou metas específicas de diversidade, direcionando esforços para eficiência e mérito (CONEXÃO POLÍTICA, 2024).
Essas decisões ilustram a desconexão entre discurso e prática. A cultura woke, que inicialmente buscava transformar a realidade material, foi gradativamente esvaziada e transformada em uma ferramenta de marketing. O resultado foi uma narrativa identitária desancorada da materialidade, incapaz de se sustentar no longo prazo.
A Materialidade Contra o Discurso
Como já observado em outras reflexões, a lógica capitalista não apenas absorve discursos de resistência, mas também os transforma em produtos descartáveis quando deixam de gerar lucro. O caso da cultura woke é emblemático: inicialmente uma resposta às demandas por igualdade, tornou-se um conjunto de práticas corporativas superficiais. Quando o discurso falhou em trazer resultados concretos – seja em termos econômicos ou de transformação social – foi abandonado.
A ironia reside no fato de que, enquanto se defende identidades e discursos, a materialidade do cotidiano, como condições de trabalho e remuneração, permanece em segundo plano. Assim, ao invés de questionar o sistema, muitos acabam reafirmando suas bases ao priorizar narrativas desvinculadas da realidade.
Conclusão
O abandono da cultura woke pelas corporações não é apenas uma questão de ajustes estratégicos, mas um reflexo da incapacidade de sustentar discursos desancorados da materialidade. As empresas, como bons representantes do capitalismo, descartaram práticas que deixaram de ser produtivas ou lucrativas, reforçando a lógica de que o discurso identitário, quando transformado em mercadoria, é tão efêmero quanto as modas que o mercado cria e descarta.
Referências
REVISTA OESTE. Nissan decide abandonar práticas da cultura woke. Disponível em: https://revistaoeste.com/mundo/nissan-decide-abandonar-praticas-da-cultura-woke/. Acesso em: 25 dez. 2024.
SP DIÁRIO. Sob pressão popular, Toyota encerra programas woke e adota neutralidade. Disponível em: https://spdiario.com.br/noticias/agenor-duque/sob-pressao-popular-a-gigante-de-carros-toyota-encerra-programas-woke-e-adota-neutralidade-para-reconquistar-consumidores.html. Acesso em: 25 dez. 2024.
CONEXÃO POLÍTICA. Ford ajusta políticas e abandona programas woke. Disponível em: https://www.conexaopolitica.com.br/internacional/ford-se-une-a-grandes-marcas-que-estao-abandonando-programas-woke/. Acesso em: 25 dez. 2024.
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