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A mostrar mensagens de janeiro, 2025

A Ilusão da Contenção: Uma Crítica a A Onda e o Maior Dilema do Século XXI (Hassabis, 2024)

Link para comprar o livro A Ilusão da Contenção: Uma Crítica a A Onda e o Maior Dilema do Século XXI (Hassabis, 2024) Demis Hassabis, em A Onda e o Maior Dilema do Século XXI (2024), propõe um debate sobre a expansão das novas tecnologias, especialmente a inteligência artificial e a biologia sintética, alertando para os riscos inerentes ao seu desenvolvimento descontrolado. Desde o prólogo até o capítulo 2, ele argumenta que estamos à beira da mais significativa transformação da humanidade e que, se não impusermos algum nível de contenção, essas tecnologias podem escapar ao nosso controle e causar consequências catastróficas. No entanto, sua narrativa se constrói sobre uma contradição central: ele defende a necessidade de conter um processo que ele mesmo admite ser historicamente incontrolável. Hassabis inicia sua análise explorando a "armadilha da aversão ao pessimismo" – a tendência humana de evitar cenários negativos mesmo quando há evidências alarmantes sobre ...

Plágio ou Desespero? A Hipocrisia Ocidental Frente ao Avanço Chinês na Inteligência Artificial

Plágio ou Desespero? A Hipocrisia Ocidental Frente ao Avanço Chinês na Inteligência Artificial Nos últimos dias, assistimos a um espetáculo cômico no mercado da inteligência artificial: a OpenAI, empresa que domina o setor no Ocidente, acusando a DeepSeek de plágio. A ironia dessa situação é evidente. Estamos falando de uma empresa que construiu seu próprio modelo baseado em um treinamento massivo com dados da internet, agora apontando o dedo para uma concorrente chinesa que, de repente, ameaça sua hegemonia. O que estamos vendo aqui não é uma disputa ética, mas um desespero tecnológico e econômico. Se a DeepSeek realmente "roubou" os dados do ChatGPT, como explicamos sua ascensão meteórica? Como justificar que, em poucas semanas, seu modelo já superou o concorrente em eficiência e velocidade, tornando-se um dos aplicativos mais baixados do mundo? A resposta é óbvia: o Ocidente subestimou a capacidade chinesa de desenvolver inteligência artificial de forma mais ba...

A Onda Tecnológica e o Fetiche do Inevitável: Uma Reflexão (Irônica) sobre o Determinismo Digital em "A Onda e o Maior Dilema do Século XXI"

A Onda Tecnológica e o Fetiche do Inevitável: Uma Reflexão (Irônica) sobre o Determinismo Digital em "A Onda e o Maior Dilema do Século XXI" Resumo Este artigo analisa criticamente o discurso determinista presente no prólogo do livro A Onda e o Maior Dilema do Século XXI (HASSABIS, 2024), que sugere que a ascensão da inteligência artificial (IA) e da biotecnologia é um processo inevitável e incontrolável. A partir de uma perspectiva irônica – porque, convenhamos, discutir tecnologia sem ironia seria um desperdício –, questiono a suposta inevitabilidade do progresso tecnológico e sua relação com a mercantilização da existência. Utilizo autores como Byung-Chul Han, Freud e Ernst Becker para argumentar que a tecnologia, longe de ser apenas um fenômeno espontâneo e autônomo, é moldada por interesses mercadológicos e estruturais. Por fim, reflito sobre o verdadeiro dilema do século XXI: não a IA em si, mas a nossa incapacidade de imaginar um mundo que não seja definido...

Narciso Já Está Morto, Mas Continua Postando: A Ilusão do Eu Digital e o Colapso da Materialidade

  Narciso Já Está Morto, Mas Continua Postando: A Ilusão do Eu Digital e o Colapso da Materialidade Introdução:  O Espelho Se Fechou Sobre Nós Narciso olhava seu reflexo na água e se encantava. Mas nós? Nós fomos além. Mergulhamos no rio, atravessamos o espelho e agora nos debatemos em um espaço onde já não há água, não há ar, não há nada – apenas uma representação discursiva daquilo que um dia chamamos de subjetividade. Narciso morreu ao cair no lago. Nós já estamos mortos e continuamos postando. Essa talvez seja a grande tragédia do nosso tempo : não existe mais um lado de fora. O mundo que um dia existiu sem a lógica digital simplesmente desapareceu, e nós o substituímos por uma miragem de subjetividade algorítmica, onde tudo é simulacro, mas nada é real. Mas, veja bem, isso não é um problema – pelo menos para quem lucra com isso. Afinal, quanto mais tempo passamos flutuando nesse limbo, mais valiosos nos tornamos para o sistema que nos mantém reféns. Engajamento o...

A Ingenuidade da Confiança no Digital: Uma Crítica ao Suposto Problema da Geração IGEN com a Realidade

A Ingenuidade da Confiança no Digital: Uma Crítica ao Suposto Problema da Geração IGEN com a Realidade Fonte da Crítica Introdução: O Problema que Não é Problema Vivemos em tempos onde tudo é motivo para uma grande preocupação coletiva. Um estudo, como o apresentado pela Common Sense Media, alerta para um novo “risco” social: os adolescentes não conseguem distinguir o que é real e o que é falso no ambiente digital. O problema, no entanto, não está na suposta incapacidade desses jovens, mas na própria natureza desse espaço discursivo, que nunca foi projetado para estabelecer uma verdade concreta. O mais curioso – e irônico – é que a preocupação com a confiança e a privacidade dentro das redes só existe porque essas redes precisam que continuemos confiando nelas o suficiente para não sair, mas desconfiando o suficiente para nos manter engajados. Neste artigo, farei uma análise cética e irônica dessa questão, desmontando a ilusão vendida por essa reportagem. Mais do que um pro...

Como sobreviver ao vazio enquanto clicamos para viver

Como sobreviver ao vazio enquanto clicamos para viver Ao longo do tempo, tenho refletido sobre como chegamos ao ponto de sermos engolidos por discursos que não tensionam, mas anestesiam. Vivemos na era mais conectada da história, mas nunca estivemos tão desconectados de nossa própria materialidade. O que deveria ser um espaço de criação e confronto com o real se tornou um lugar de fuga, onde o excesso de discursos nos entorpece, nos fragiliza, nos afasta de qualquer possibilidade de enfrentar a realidade. Não vivemos mais, apenas funcionamos. Jean M. Twenge, em iGen, descreve com clareza a geração que nasceu a partir de 1995, crescendo com smartphones e redes sociais como parte integral de sua existência. Esses jovens, e nós que também nos conectamos a esse fluxo, não sabem mais o que é viver fora da tela. As interações presenciais, as experiências materiais e as tensões reais se tornaram incômodos, algo a ser evitado. Não é surpresa que essa geração esteja mais ansiosa, de...

IA, Humanidade e o Espetáculo da Autoflagelação Tecnológica: Uma Crônica Irônica de Quem Ainda Acredita em Final Feliz

IA, Humanidade e o Espetáculo da Autoflagelação Tecnológica: Uma Crônica Irônica de Quem Ainda Acredita em Final Feliz *Por alguém que ainda não desistiu de achar graça no apocalipse.*   O Começo: Quando a China Decidiu que IA Não Precisa Custar um Rim (Ou a Alma) Ah, o DeepSeek! Aquele aplicativo chinês que apareceu como um *influencer* tecnológico dizendo: Olha, gente, dá pra fazer IA sem gastar o PIB de um país pequeno!. Enquanto a OpenAI, a Microsoft e outras gigantes ocidentais continuavam a vender a narrativa de que inteligência artificial é um brinquedo de bilionários — tipo um iate, mas com algoritmos —, os chineses resolveram cutucar o mercado com uma vara de bambu.   "Mas como assim, DeepSeek?", gritaram os acionistas do Vale do Silício. "Vocês treinaram um modelo com dados atualizados até 2024, gastando menos do que um jantar de gala em São Francisco? Isso é trapaça!”. Pois é, amigos. Enquanto o ChatGPT ainda se perde em memórias de 2021 (antes...

O Eu Líquido, a Morte Sólida e a Mentira Heroica: Um Desabafo Existencial na Era do Like

O Eu Líquido, a Morte Sólida e a Mentira Heroica: Um Desabafo Existencial na Era do Like Eu, um mero espectador da minha própria vida, decidi hoje refletir sobre o que significa ser "eu" em um mundo onde o "eu" não está em lugar nenhum. Sim, caro leitor, estou falando daquele ser que você tenta representar nas redes sociais, naquele perfil que você atualiza com fotos filtradas e frases de efeito, enquanto rola a timeline de alguém que você nem conhece. Bem-vindo ao ciberespaço, onde a identidade é tão sólida quanto um meme de segunda-feira. O Eu que Não Existe (Mas Posta Foto do Café) Zygmunt Bauman, o sociólogo que nos presenteou com o conceito de "modernidade líquida", certamente sabia do que estava falando quando descreveu a fluidez das identidades na contemporaneidade. Hoje, o "eu" é uma colagem de stories, tweets e atualizações de status. Somos o que postamos, mas também somos o que apagamos. E, no fim das contas, não somos nada....

O Que Andam Falando nas Redes e a Realidade que Passa Despercebida: Uma Crítica à Ignorância Sobre o Sistema

O Que Andam Falando nas Redes e a Realidade que Passa Despercebida: Uma Crítica à Ignorância Sobre o Sistema Introdução Nas redes mediáticas, há sempre uma onda de opiniões inflamadas, divididas entre apoiar este ou aquele lado da política. Porém, poucas pessoas param para pensar se o que falam realmente toca nas questões materiais que afetam a vida de quem precisa trabalhar para, literalmente, colocar comida na mesa. O aumento dos preços de alimentos básicos, as falhas em infraestrutura e a precarização da saúde e educação não encontram lugar nesse mar de comentários e curtidas. A questão é simples: enquanto falamos sobre quem venceu o debate ou quem fez a melhor postagem, a realidade continua se impondo. O preço do arroz não baixa com curtidas. A segurança de andar pelas ruas não melhora com comentários. E o saneamento básico? Bom, esse nem entra na pauta. Mas será que estamos nos preocupando com isso? Ou será que estamos mal informados sobre como tudo isso impacta as pes...

O Trauma na Discursividade Contemporânea: Entre a Alienação e a Ausência de Ancoragem Material

Por José Antônio Lucindo da Silva CRP: 06/172551 E-mail: joseantoniolcnd@gmail.com @joseantoniolucindodasilva #maispertodaignorancia Introdução A contemporaneidade nos coloca diante de um paradoxo: vivemos em uma sociedade do excesso, onde tudo pode ser narrado, exposto e consumido discursivamente, e, ao mesmo tempo, nos encontramos cada vez mais distantes do real. Este texto se propõe a refletir sobre como o trauma, enquanto experiência subjetiva, é capturado pela lógica da discursividade mediática, perdendo sua capacidade transformadora e se tornando mais uma peça na engrenagem de alienação. Ao longo deste artigo, questionarei como a representação do trauma nos meios mediáticos impacta a subjetividade e a saúde mental, especialmente entre jovens e adolescentes, e como a desconexão com o real intensifica essa dinâmica. O Trauma e a Discursividade Mediática Freud já nos alertava que o trauma é um evento que não pode ser simbolizado no momento em que ocorre. Ele se inscreve ...

A Superficialidade do Discurso Político na Era dos Memes: Uma Análise Crítica da Atuação Presidencial

Fonte da Critica A Superficialidade do Discurso Político na Era dos Memes: Uma Análise Crítica da Atuação Presidencial Vivemos em uma era onde a política se entrelaça cada vez mais com as dinâmicas das redes sociais, transformando líderes em figuras midiáticas que buscam engajamento a qualquer custo. Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou uma estratégia de comunicação que privilegia a utilização de memes e conteúdos de rápida assimilação, visando ampliar sua popularidade entre os jovens. Embora essa abordagem possa parecer inovadora e alinhada aos tempos atuais, ela suscita preocupações profundas sobre a integridade do discurso político e a qualidade da democracia brasileira. A "democracia discursiva", conceito amplamente discutido pelo filósofo Jürgen Habermas, enfatiza a importância de um diálogo racional e inclusivo na formação da vontade política. Habermas argumenta que a legitimidade democrática emerge de processos deliberativos onde os cidadãos pa...

A Geração Alfa e o Espantalho Digital: Uma Crítica Irônica ao Texto da IGN Brasil

A Geração Alfa e o Espantalho Digital: Uma Crítica Irônica ao Texto da IGN Brasil Vivemos em um mundo onde o espelho tecnológico reflete muito mais do que a nossa imagem: ele projeta as nossas carências, idealizações e, curiosamente, também os nossos medos. A reportagem da IGN Brasil traz à tona uma crítica à Geração Alfa e sua suposta incapacidade de realizar tarefas simples, como copiar e colar texto. Ora, será que realmente o problema está nos jovens, ou estamos apenas projetando nossas próprias limitações enquanto sociedade obcecada por produtividade? Ao longo das últimas décadas, as tecnologias digitais transformaram o mundo em um grande palco discursivo. Lembro-me de refletir, inúmeras vezes, sobre como a materialidade da vida tem sido engolida pela superficialidade das demandas mediáticas. Agora, a acusação contra os mais jovens é que não sabem usar um teclado e mouse? Que irônico! Criamos gerações inteiras para deslizar os dedos em telas de vidro e, agora, culpamos ...

A Superficialidade Discursiva e o Rebaixamento Cognitivo: Reflexões sobre a Condição Contemporânea

A Superficialidade Discursiva e o Rebaixamento Cognitivo: Reflexões sobre a Condição Contemporânea Por muito tempo venho refletindo sobre a desconexão entre o discurso mediático e a materialidade concreta que deveria sustentar a nossa existência. A recente publicação de um artigo na Forbes Brasil (https://forbes.com.br) apontando como a inteligência artificial tem contribuído para o rebaixamento cognitivo reforça algo que há tempos tenho explorado em meus próprios discursos: a perda da capacidade de questionar e a superficialidade que permeia nossas interações contemporâneas. Não é de hoje que nossa atenção foi sequestrada por narrativas rápidas, planificadas, e frequentemente alienadas da realidade concreta. Byung-Chul Han já nos alertava sobre os perigos de uma sociedade da positividade, onde tudo precisa ser fluido, leve e ininterrupto. Nessa lógica, a tensão, tão necessária para o surgimento do desejo e da criatividade, é eliminada. Han nos ensina que sem tensão, sem co...

A Sustentabilidade Como Moeda de Troca: Um Paradoxo do Antropoceno

A Sustentabilidade Como Moeda de Troca: Um Paradoxo do Antropoceno Fonte da Crítica Nosso tempo é irônico. Sentamos à mesa com dados alarmantes sobre mudanças climáticas, destruição ambiental e colapso de ecossistemas, enquanto brindamos a discursos que mascaram a verdade: o planeta está à venda. Não sou cientista, mas o que vejo, leio e discuto me leva a pensar que a chamada sustentabilidade não é mais do que uma mercadoria discursiva. Uma ferramenta cuidadosamente embalada para manter as engrenagens de um sistema econômico que se alimenta da destruição que diz combater. Comecemos pelos números. Dados projetam que até 2050 a população mundial chegará a 9 bilhões de pessoas (brasil.un.org). Parece uma façanha, considerando que nossos recursos estão se esgotando em uma velocidade sem precedentes. Com esse crescimento, a pergunta inevitável é: quem será capaz de sustentar tanta gente? Talvez nem seja necessário, afinal, também há estudos que indicam que as mudanças climáticas...

A Lei da Ilusão: Quando a Materialidade se Esconde Atrás das Telas

🔗 da imagem Introdução É curioso como as leis, essas tentativas desesperadas de ordenar a bagunça que criamos, muitas vezes nascem tão distantes da realidade material quanto uma postagem nas redes sociais. A recente proibição do uso de celulares nas escolas é um exemplo emblemático. À primeira vista, a proposta parece louvável: reconectar os alunos ao mundo físico, trazer a atenção de volta às salas de aula e, quem sabe, salvar a próxima geração de uma existência perdida nas profundezas do ciberespaço. No entanto, será que essa proibição, imposta de cima para baixo, entende o que está realmente em jogo? Eu, sinceramente, duvido. Estamos diante de um problema que vai muito além do que se pode resolver com decretos. Esta lei, ao invés de tocar na raiz da questão, parece reforçar aquilo que nos trouxe até aqui: a incapacidade de simbolizar nossas experiências, de lidar com nossas pulsões e, principalmente, de compreender que o "eu" material foi há muito dissolvido p...