Avançar para o conteúdo principal

Plágio ou Desespero? A Hipocrisia Ocidental Frente ao Avanço Chinês na Inteligência Artificial

Plágio ou Desespero? A Hipocrisia Ocidental Frente ao Avanço Chinês na Inteligência Artificial

Nos últimos dias, assistimos a um espetáculo cômico no mercado da inteligência artificial: a OpenAI, empresa que domina o setor no Ocidente, acusando a DeepSeek de plágio. A ironia dessa situação é evidente. Estamos falando de uma empresa que construiu seu próprio modelo baseado em um treinamento massivo com dados da internet, agora apontando o dedo para uma concorrente chinesa que, de repente, ameaça sua hegemonia. O que estamos vendo aqui não é uma disputa ética, mas um desespero tecnológico e econômico.

Se a DeepSeek realmente "roubou" os dados do ChatGPT, como explicamos sua ascensão meteórica? Como justificar que, em poucas semanas, seu modelo já superou o concorrente em eficiência e velocidade, tornando-se um dos aplicativos mais baixados do mundo? A resposta é óbvia: o Ocidente subestimou a capacidade chinesa de desenvolver inteligência artificial de forma mais barata e eficiente.

A China já provou que não precisa do Ocidente para inovar. Empresas como Huawei, Alibaba, Tencent, ByteDance (TikTok) e Baidu são gigantes da tecnologia, dominando diversos setores há anos. A DeepSeek nada mais é do que um reflexo desse avanço. Se o Ocidente quiser manter seu discurso de “propriedade intelectual”, então deveria começar reconhecendo quem realmente está à frente na corrida da IA—e não é a OpenAI.

Mas o verdadeiro incômodo não está na questão do plágio. Está no medo de perder o controle. Afinal, a IA não é apenas uma ferramenta de tecnologia, mas um instrumento de dominação discursiva e econômica. Quem controla os algoritmos, controla o que é verdade, o que é relevante e o que deve ser esquecido. E se a China, através da DeepSeek e outras plataformas, começar a ditar esse fluxo de informação global, os EUA e o Ocidente perdem sua posição de poder.

A acusação de plágio, portanto, não passa de uma cortina de fumaça para esconder o óbvio: a inteligência artificial ocidental está em desvantagem, não porque foi copiada, mas porque foi ultrapassada.

O futuro da IA não será decidido em tribunais ocidentais com alegações vazias. Ele será definido por quem tem mais dados, menos restrições e um modelo mais eficiente—e, nesse cenário, a DeepSeek e outras empresas chinesas já saíram na frente.


---

Referência:
BOGGIO, Flávia. O que ninguém previa é que o ChatGPT seria uma vítima do próprio veneno. Folha de S.Paulo, 2025. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/flavia-boggio/2025/01/o-que-ninguem-previa-e-que-o-chatgpt-seria-uma-vitima-do-proprio-veneno.shtml. Acesso em: 31 jan. 2025.



Comentários

Mensagens populares deste blogue

A Ilusão do Home Office: Uma Crítica Irônica à Utopia Digital

A Ilusão do Home Office: Uma Crítica Irônica à Utopia Digital Resumo Neste artigo, apresento uma análise crítica e irônica sobre a idealização do home office no contexto atual. Argumento que, embora o trabalho remoto seja promovido como a solução ideal para o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, ele esconde armadilhas significativas. Além disso, com o avanço da inteligência artificial (IA), muitas das funções desempenhadas em home office correm o risco de serem substituídas por máquinas, tornando essa modalidade de trabalho uma utopia efêmera. Este texto foi elaborado com o auxílio de uma ferramenta de IA, demonstrando que, embora úteis, essas tecnologias não substituem a experiência humana enraizada na materialidade do trabalho físico. Introdução Ah, o home office! Aquela maravilha moderna que nos permite trabalhar de pijama, cercados pelo conforto do lar, enquanto equilibramos uma xícara de café em uma mão e o relatório trimestral na outra. Quem poderia imaginar ...

Eu, o algoritmo que me olha no espelho

  Eu, o algoritmo que me olha no espelho Um ensaio irônico sobre desejo, ansiedade e inteligência artificial na era do desempenho Escrevo este texto com a suspeita de que você, leitor, talvez seja um algoritmo. Não por paranoia tecnofóbica, mas por constatação existencial: hoje em dia, até a leitura se tornou um dado. Se você chegou até aqui, meus parabéns: já foi computado. Aliás, não é curioso que um dos gestos mais humanos que me restam — escrever — também seja um dos mais monitorados? Talvez eu esteja escrevendo para ser indexado. Talvez eu seja um sintoma, uma falha de sistema que insiste em se perguntar: quem sou eu, senão esse desejo algorítmico de ser relevante? Não, eu não estou em crise com a tecnologia. Isso seria romântico demais. Estou em crise comigo mesmo, com esse "eu" que performa diante de um espelho que não reflete mais imagem, mas sim dados, métricas, curtidas, engajamentos. A pergunta não é se a IA vai me substituir. A pergunta é: o que fiz com meu desejo...

Eu, um produto descartável na prateleira do mercado discursivo

Eu, um produto descartável na prateleira do mercado discursivo Introdução: A Farsa da Liberdade na Sociedade Digital Ah, que tempos maravilhosos para se viver! Nunca estivemos tão livres, tão plenos, tão donos do nosso próprio destino – pelo menos é o que os gurus da autoajuda e os coachs do Instagram querem nos fazer acreditar. Afinal, estamos todos aqui, brilhando no feed infinito, consumindo discursos pré-moldados e vendendo nossas identidades digitais como se fossem produtos de supermercado. E o melhor de tudo? A ilusão da escolha. Podemos ser quem quisermos, desde que esse "eu" seja comercializável, engajável e rentável para os algoritmos que regem essa bela distopia do século XXI. Se Freud estivesse vivo, talvez revisitasse O Mal-Estar na Civilização (1930) e reescrevesse tudo, atualizando sua teoria do recalque para algo mais... contemporâneo. Afinal, hoje não reprimimos nada – muito pelo contrário. Estamos todos em um estado de hiperexpressão, gritando par...