A Íris da Vigilância: Entre a Individualidade e o Paradoxo do Controle Quando penso na coleta biométrica da íris, promovida por projetos como o Worldcoin, sou imediatamente tomado por um sentimento de ceticismo e fascínio. Esse tipo de tecnologia toca em algo profundo, uma tensão entre vigilância e individualidade que parece espelhar as contradições da nossa própria existência. Ao entregar algo tão único e imutável como a íris, eu sou reconhecido como um indivíduo em meio a bilhões de iguais, mas, paradoxalmente, me torno apenas mais um dado preso dentro de um sistema global de vigilância. Refletindo sobre isso, percebo como os olhos, há muito chamados de "espelhos da alma" no senso comum, tornaram-se símbolos apropriados pela tecnologia. Poetas e filósofos sempre apontaram o olhar como algo que reflete a essência humana, nossa subjetividade mais íntima. E parece que a tecnologia compreendeu muito bem essa metáfora. Ao utilizar a íris como ponto central de identid...
"Mais Perto da Ignorância é um espaço de reflexão crítica sobre os paradoxos da existência contemporânea. Explorando temas como tecnologia, discursividade, materialidade e consumo, inspira-se em autores como Byung-Chul Han, Freud e Nietzsche. O blog questiona narrativas dominantes, desmistifica ilusões e convida ao diálogo profundo. Aqui, ignorância não é falta de saber, mas um confronto com dúvidas e angústias, desafiando verdades superficiais e mercantilizadas.” — José Antonio Lucindo da Silva