Epicuro na Era do Fast-Food Filosófico: Uma Reflexão Irônica sobre a Discursividade Contemporânea
Ah, Epicuro! Se soubesses no que tua filosofia se tornaria, talvez repensasses a busca pela ataraxia. Em um mundo onde fast-food filosófico é a norma, tua mensagem de simplicidade e moderação foi reduzida a hashtags e posts inspiracionais. Tua filosofia, enraizada na materialidade, agora flutua, leve como um meme, nas redes sociais.
Imagino Rosa Luxemburgo coçando a cabeça, perplexa, diante da mercantilização da tua filosofia. E Marx, com seu olhar crítico, provavelmente enxergaria essa transformação como mais um exemplo da alienação. A filosofia, que um dia foi uma ferramenta de libertação, agora é consumida como um produto de prateleira, pronta para ser usada em momentos de crise existencial.
Freud, por sua vez, talvez sorrisse ironicamente ao ver como o desejo humano por respostas prontas nos leva a abraçar uma versão diluída da tua psicanálise. Afinal, por que encarar a tensão entre o desejo e a realidade quando podemos simplesmente ignorá-la com um clique?
E assim, continuamos, projetando um futuro de plenitude enquanto ignoramos o peso do presente. A ironia é que, ao buscarmos a felicidade nos moldes do consumo rápido, nos afastamos justamente daquilo que Epicuro propunha: uma vida pautada na aceitação da materialidade e na simplicidade. E assim, continuamos, de costas, empurrando nossa pedra, acreditando que o topo da montanha nos trará algo que talvez já esteja ao nosso alcance, se ao menos parássemos para olhar.
Referências:
BECKER, Ernest. A Negação da Morte. São Paulo: Editora Record, 1976.
FREUD, Sigmund. O Mal-Estar na Civilização. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
LUXEMBURGO, Rosa. Reforma ou Revolução? São Paulo: Editora Expressão Popular, 2006.
MARX, Karl. O Capital. São Paulo: Boitempo, 2013.
#maispertodaignorancia
@joseantoniolucindodasilva
José Antônio Lucindo da Silva CRP:06/172551 joseantoniolcnd@gmail.com
Comentários
Enviar um comentário