Quem escolhe quando você não escolhe?
Essa foi uma questão que me surpreendeu, embora não devesse, considerando os inúmeros alertas sobre o fim da privacidade. Após uma leitura inicial (ainda não concluída) do livro A Era do Capitalismo de Vigilância, de Shoshana Zuboff, ficou evidente que a perda da privacidade é praticamente inevitável. Até o ponto em que me encontro na leitura, percebo poucas ou nenhuma alternativa. A autora nos alerta sobre como a vigilância se tornou um imperativo para grandes mecanismos de busca, redes sociais e conglomerados que utilizam os dados de nossa participação digital. Isso inclui a captura de áudios por smartphones, TVs inteligentes e até câmeras de vigilância que instalamos em nossas casas por segurança.
Não podemos esquecer dos aspiradores robóticos, que conseguem mapear nossas residências e até criar plantas detalhadas delas. A situação vai além das revelações feitas por Edward Snowden, ex-funcionário da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos, que afirmou que todos os hardwares estavam comprometidos. Zuboff levanta também a questão dos aplicativos que instalamos em nossos celulares, os quais, mesmo desligados, conseguem captar dados dos usuários. A vigilância de dados extrapola nossa imaginação, e o fluxo de informações é utilizado para prever nossas escolhas — sem que tenhamos consciência de estarmos escolhendo.
A autora destaca ainda os cookies instalados sem permissão, comprometendo nosso comportamento. Eles moldam nossas ações e nos colocam em uma situação de controle invisível. Parece estranho? Infelizmente, esse tipo de coleta de dados já é realidade. Nos países asiáticos, a situação é ainda mais grave. O discurso sobre privacidade só ganhou relevância a partir da década de 1990, mas, até então, os cidadãos eram (e continuam sendo) monitorados em todas as esferas.
Além disso, dependendo de um sistema de ranqueamento social, indivíduos com baixa pontuação podem perder acesso a serviços públicos e outros direitos. Pessoas com alta pontuação são, muitas vezes, obrigadas a romper vínculos com quem tem baixa pontuação, sob pena de também serem prejudicadas. Assim, o controle social é reforçado e amplificado pela vigilância digital.
#maispertodaignorancia
@joseantoniolucindodasilva
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