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A mostrar mensagens de junho, 2025

“IA corrige redações, a rua corrige ilusões: notas perfeitas para um abismo em expansão”

“IA corrige redações, a rua corrige ilusões: notas perfeitas para um abismo em expansão”  Sumário em uma frase:  Ponho o dedo no gatilho algorítmico que dita produtividade, mas o tiro ricocheteia na rua sem teto, no cérebro saturado de notificação e no desespero civilizatório já descrito por Freud, Bauman e Byung-Chul Han — a Inteligência Artificial apenas faz soar mais alto a sirene que fingíamos não ouvir. Introdução – um espelho que devolve fendas: Escrevo como professor (não sou professor, e nem educador ), exausto, psicólogo intrigado e cidadão que tropeça em barracas azuis a caminho da escola. A coluna de Fernando Schüler, animada pelo estudo do MIT sobre “atrofia cognitiva” induzida pelo ChatGPT chamou minha atenção, mas a experiência diária diz que o buraco é maior: o músculo intelectual definha porque o tempo e o espaço de pensar já foram leiloados. Quando CEOs admitem substituir gente por código e start-ups vendem detectores para “caçar” textos sintético...

Entre Sombras, Lonas e Silício: por que a Inteligência Artificial não explica o buraco no asfalto

  Entre Sombras, Lonas e Silício: por que a Inteligência Artificial não explica o buraco no asfalto Entre Sombras, Lonas e Silício: por que a Inteligência Artificial não explica o buraco no asfalto Resumo: Corrijo provas com IA enquanto a cidade coleciona barracas azuis e o governo recomenda passaporte para quem sonha com ciência. Este artigo cruza Freud, Bauman, Byung‑Chul Han, Cioran e Anderson Röhe para mostrar que o debate sobre “atrofia cognitiva” ignora o peso bruto do tempo, do espaço e do concreto. Quando um chatbot promete empatia sob trabalho terceirizado a US$ 2/hora, a única coisa realmente generativa é a precariedade. 1. O tempo que evapora 1.1 Provas em modo turbo Leio Fernando Schüler na VEJA : IA deixaria o cérebro preguiçoso. Ele cita o estudo do MIT que comparou ChatGPT, Google e “cabeça pura”. O grupo IA pensou menos. Concordo, mas pergunto: quando o docente teria tempo de pensar se corrige 120 redações extra‑classe e não recebe hora extra (...

Apagar provas, apagar ruas: IA corrige o futuro enquanto o presente não cabe na lousa

Texto escrito por IA: agora, prove. Há ! Cuidado, é uma armadilha Fonte Original Apagar provas, apagar ruas: IA corrige o futuro enquanto o presente não cabe na lousa Por José Antônio Lucindo da Silva — CRP 06/172551 #maispertodaignorancia  Resumo —(não corrijo prova, não sou professor, é apenas uma ironia para o discurso) Corrijo redações há quinze anos; agora uma plataforma promete fazê-lo em segundos. Enquanto a máquina devolve notas cor-de-rosa, 29 % dos meus conterrâneos não entendem este parágrafo, 93 mil vizinhos dormem na calçada paulistana, e apenas 30 % das escolas públicas dispõem de internet digna de videoconferência. Explorar “atrofia cognitiva” sem olhar o buraco na calçada é, no mínimo, confundir a trave com o gramado. I. Tempo evaporado em tela de correção automática: Dou trinta aulas semanais e carrego para casa mais de 20 % da jornada em tarefas extraclasse — luxo legalmente previsto, raramente pago (PONTOTEL, 2024) . Para sobreviver, muitos colegas so...

“Da Periferia ao Mesencéfalo: Evidências Multiorgânicas para a Gênese Sistêmica da Doença de Parkinson (2015–2025)”

“Da Periferia ao Mesencéfalo: Evidências Multiorgânicas para a Gênese Sistêmica da Doença de Parkinson (2015–2025)” Fonte do Texto “Da Periferia ao Mesencéfalo: Evidências Multiorgânicas para a Gênese Sistêmica da Doença de Parkinson (2015–2025)” Resumo Novas evidências sugerem que a doença de Parkinson (DP) pode ter origem periférica — intestino, apêndice e, mais recentemente, rins — antes de alcançar o sistema nervoso central. Este ensaio‐postagem revisa criticamente os principais achados de 2015 – 2025 que sustentam a hipótese de “via ascendentes da α-sinucleína”, discute as replicações já conduzidas em modelos animais, organoides e populações humanas, e propõe frentes de pesquisa que faculdades e laboratórios brasileiros podem incorpora. Palavras-chave: doença de Parkinson; α-sinucleína; origem periférica; rim; intestino;  1 | Introdução Desde a descrição clássica de Braak et al. (2003) sobre a rota intestino‒vago, o debate sobre a gênese periférica da DP ganhou tra...

Entre pedras, algoritmos e espelhos rachados: o amor como responsabilidade sem sentido

Fonte Assista em nosso Canal no YouTube Entre pedras, algoritmos e espelhos rachados: o amor como responsabilidade sem sentido LEAD O amor nunca esteve no outro. Essa é a tragédia — e talvez a última ética possível. O que chamamos de relacionamento virou funcionalidade algorítmica, e o desejo, um projeto logístico. Mas e se amar fosse, como sugeriu Diotima, uma forma de suportar a falta? E se o eu soberano fosse apenas um ruído narcísico que ecoa no vazio do outro? O amor que não se completa: Diotima e o desejo sem retorno Platão nunca deu voz direta a Diotima.   Ela não aparece no Banquete, só é evocada por Sócrates — e é justamente por isso que sua presença é tão poderosa. Ela não é corpo, é ausência. Não é argumento, é travessia. E o que ela ensina a Sócrates é simples e letal: o amor não é plenitude, é falta organizada. Desejamos aquilo que nos escapa. O amor é daimon, não é deus nem mortal. Ele é ponte — e como toda ponte, treme. Mas hoje não queremos pontes, quere...

Do Inferno do Igual ao Gatilho Real: Alteridade, Não-Coisas e Narrativas em Ruínas na Violência Juvenil e no Consumo Digital no Brasil de 2025

Do Inferno do Igual ao Gatilho Real: Alteridade, Não-Coisas e Narrativas em Ruínas na Violência Juvenil e no Consumo Digital no Brasil de 2025 Resumo – Este Artigo investiga como três processos — (i) a morte da alteridade, (ii) a transformação do objeto em “não-coisa” e (iii) a crise da narrativa — se entrelaçam e se expressam, no Brasil de 2025, em dois sintomas extremos: a compulsão de consumo digital e a escalada de violências perpetradas por adolescentes.  A partir de obras‐chave de Byung-Chul Han, Julieta Jerusalinsky, Pedro Luiz Ribeiro de Santi e Clóvis de Barros Filho, articulamos análise teórica com oito casos noticiados neste ano (familicídios, ataques e planos de massacre) e com dados nacionais de uso intensivo de telas.  Concluímos que a combinação de hiperconexão, desmaterialização dos vínculos e apagamento do “não” simbólico produz um curto-circuito pulsional: o sujeito ora se entrega ao “clique-compra” infinito, ora descarrega a frustração no corp...

Você pensa, ou pensaram por você?

Você pensa, ou pensaram por você? O marketing silencioso que desliga seu livre-arbítrio sem pedir licença Por José Antônio Lucindo da Silva | #maispertodaignorancia O que é pensar hoje? Pensar, em 2025, talvez seja apenas um ruído entre um clique e outro. E se eu te dissesse que talvez suas decisões de compra, seu desejo por aquele tênis fluorescente ou até mesmo o scroll infinito às três da manhã tenham sido menos escolhas e mais condicionamentos cuidadosamente cultivados? Bem-vindo ao neuromarketing — ou melhor, ao teatro neuroalgorítmico da obediência sem consciência. O que antes era um “estímulo de venda” hoje se tornou engenharia comportamental de precisão. A propaganda não seduz: programa. Não te convida: te antecipa. Neuromarketing: o bisturi que ri em silêncio Segundo artigo publicado no portal ConJur, o neuromarketing utiliza dados cerebrais, batimentos cardíacos, respostas pupilares e outros sinais biológicos para mapear vulnerabilidades cognitivas e usá-l...

Entre cliques e cadáveres digitais: um relato em primeira pessoa

  Fonte Entre cliques e cadáveres digitais: um relato em primeira pessoa Abro o navegador, digito mais uma indignação sobre inteligência artificial e, em milissegundos, meu texto atravessa cabos submarinos, roteadores anônimos e servidores que bebem meio litro d’água a cada dúzia de prompts.¹ É impressionante: basta eu apertar Enter em São Paulo para que, quase simultaneamente, alguém em Nairóbi receba a incumbência de decidir se o meu lampejo retórico é ironia legítima, ódio velado ou mero ruído. Nessa coreografia planetária eu ocupo o papel glamoroso de criador; do outro lado da tela, moderadores anônimos encaram decapitações por menos de dois dólares por hora para que o feed pareça civilizado. O feitiço regulatório Quando a Comissão Europeia carimbou o Digital Services Act (DSA) e o parlamento britânico brandiu o Online Safety Act (OSA), prometeram que ninguém reinaria sobre a minha timeline. As leis, juravam, apenas “definem salvaguardas e multam quem não cumpre”. Soou re...

A República dos Divãs Vazios: oito ameaças ao cérebro num país que forma psicólogos em série e adoece em massa

A República dos Divãs Vazios: oito ameaças ao cérebro num país que forma psicólogos em série e adoece em massa Autor: José Antônio Lucindo  #maispertodaignorancia 24/06/2025 O Brasil exibe o maior exército de psicólogos do planeta — mais de 553 000 registrados — e, paradoxalmente, ostenta a pior taxa mundial de ansiedade (9,3 %) e uma das mais altas de depressão (prevalência vitalícia de 15,5 %). Essa contradição ganha relevo quando confrontada com a lista de oito fatores de risco cerebrais divulgada pelo Estadão : tela, insônia, álcool, tabaco, dieta ultraprocessada, sedentarismo, isolamento social e baixa escolaridade. A engrenagem pós-moderna brasileira acelera todos esses gatilhos, enquanto o cuidado psicológico continua concentrado em capitais, subfinanciado no SUS e orientado para o mercado privado, deixando grande parte da população sem acesso. 1. Oito gatilhos, um país conectado ao estresse Brasileiros passam em média 9 h 32 min por dia diante de telas, segu...

Espelho fosco, sublimação falha: por que a literatura algorítmica não nos redime

Espelho fosco, sublimação falha: por que a literatura algorítmica não nos redime Por José Antônio Lucindo da Silva – #maispertodaignorancia 24/06/2025 Introdução “Em 2025, escrever ignorando a inteligência artificial é antirrealismo”, proclama Jorge Carrión em entrevista recente à Veja . Tomo a frase como ponto de partida – e de atrito. Se escrever com IA é inevitável, isso não a transforma, por milagre, num novo Gênesis literário. Continuamos presos ao mesmo teclado, apenas com um espelho estatístico mais reluzente na frente dos olhos. 1 O espelho fosco da IA Carrión vende a máquina como parceira criativa; eu a vejo como DJ de restos : empilha “cadáveres linguísticos” a partir de distribuições de probabilidade. Los campos electromagnéticos – livro que o próprio autor coproduziu com GPT-2 e GPT-3 – deixa isso claro: quanto mais “original” o output, mais perceptível a colagem. Liquidez reciclada, diria Bauman; tudo já nasce usado antes do cursor piscar. ...