Setembro Amarelo na era do feed infinito: entre o mal-estar pós-moderno e a escuta que falta Pode ser o pica das técnicas, o bam-bam-bam do pedaço, mas na hora de ouvir outro humano, seja só humano com humano. Todo setembro, fitinhas amarelas se multiplicam em posts, slogans e hashtags. A intenção é legítima: falar de suicídio, quebrar tabu, incentivar prevenção. Mas, como lembraria Bauman, vivemos a pós-modernidade líquida, em que símbolos são frágeis e campanhas viram consumo. A fitinha vira filtro no Instagram, o sofrimento vira dado para o algoritmo. O que deveria ser espaço de escuta vira espetáculo moralizante. Enquanto isso, na vida concreta, existe quem atravessa crises epilépticas e transtornos bipolares, perde dias de memória, volta dizendo “acordei na geleia, irmão… não tinha nada lá”. Não é tentativa de suicídio, não é “falta de fé”, é corpo que se apaga involuntariamente. O DSM-5 e a CID-11 reconhecem condições biológicas que podem levar a comportamentos auto-l...
"Mais Perto da Ignorância é um espaço de reflexão crítica sobre os paradoxos da existência contemporânea. Explorando temas como tecnologia, discursividade, materialidade e consumo, inspira-se em autores como Byung-Chul Han, Freud e Nietzsche. O blog questiona narrativas dominantes, desmistifica ilusões e convida ao diálogo profundo. Aqui, ignorância não é falta de saber, mas um confronto com dúvidas e angústias, desafiando verdades superficiais e mercantilizadas.” — José Antonio Lucindo da Silva