Borderline: o manual de instruções do vazio que a psiquiatria insiste em preencher com diagnósticos prontos
Borderline: o manual de instruções do vazio que a psiquiatria insiste em preencher com diagnósticos prontos #maispertodaignorancia O texto do Terra apresenta o borderline como uma lista de sintomas, quase um cardápio clínico de angústias: medo de abandono, instabilidade, impulsividade, vazio, raiva descontrolada. Tudo enumerado, esquadrinhado, como se a dor humana fosse uma coleção de itens a serem marcados em um questionário. Eis o triunfo da biopolítica: transformar a subjetividade em checklist. O sujeito que sangra é traduzido em sintoma; o sujeito que não cabe é reorganizado em critérios diagnósticos. A narrativa médica, ainda que necessária, carrega uma ironia cruel: o diagnóstico promete nomear o sofrimento, mas ao nomeá-lo, captura-o em grades conceituais. Freud já nos lembrava que não há cura para a condição de ser humano; há apenas manejos possíveis do mal-estar. Mas na sociedade do desempenho (Han), até o sofrimento precisa ser eficiente, classificado e rapidament...