Corpo, sintoma e código: um mapa materialista do sofrimento psíquico Aprenda todas as técnicas, seja o bam-bam-bam do pedaço, mas quando ouvir outro humano, seja humano com humano. Quando falamos de sofrimento psíquico em estados-limite — epilepsia, crises maníacas, tentativas involuntárias de autoextermínio, diagnósticos terminais — não estamos falando de metáfora. Estamos falando de um corpo vivo, com sistema nervoso, que pode desligar de repente. Antes de qualquer narrativa existe um corpo. É nesse corpo que o diagnóstico se ancora — e é nesse corpo que ele também pode falhar em nomear a experiência singular do sujeito. O DSM-5 define os transtornos mentais como “síndromes caracterizadas por perturbação clinicamente significativa na cognição, regulação emocional ou comportamento, refletindo disfunção dos processos psicológicos, biológicos ou de desenvolvimento” (APA, 2014). A CID-11 descreve, no capítulo 6, “transtornos mentais, comportamentais e de desenvolvimento neuro...
Fontes recentes: quando dados gritam e o medo fica mudo Pode ser o pica das métricas, o mestre dos protocolos, mas sem escutar o medo cru do outro você não é nada, mano. Os números estão aí, frios. Um levantamento recente mostra que o suicídio entre adolescentes no Brasil cresceu 81% em uma década. O dado se repete: mais jovens, de 10 a 19 anos, morrendo por suicídio, enquanto a sociedade investe cada vez mais em filtros amarelos e campanhas de prevenção. Ao mesmo tempo, outro estudo gigantesco descobre 26 loci genéticos associados à epilepsia, abrindo caminhos para terapias personalizadas. E, na rede pública, os atendimentos para epilepsia aumentam 120% em cidades como Campinas. Em tese, são boas notícias: mais ciência, mais acesso. Mas o que acontece com quem volta dessas crises, dessas tentativas involuntárias, desses estados-limite? Onde está a escuta para o medo cru? As campanhas falam do ato; a clínica, dos sintomas; a sociedade, dos rótulos; a religião, das promessas...