A máquina sonha por nós. E nós dormimos em paz.
Fonte: (Harari: Podemos ficar presos no sonho de uma IA - 03/08/2025 - Mercado - Folha https://share.google/u6jvCNFKhJuQGDAZ6)
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Enquanto Harari alerta para um possível aprisionamento no “sonho da inteligência artificial”, seguimos conectados e conformados. Não se trata de um pesadelo futuro — é um estado já vivido, domesticado, e, pior: desejado. O perigo não está na IA sonhar por nós, mas em não querermos mais acordar.
O historiador israelense Yuval Harari — aquele que diz verdades banais com voz de oráculo — reaparece no noticiário com sua última epifania: podemos ficar presos no “sonho da IA”. Como se fosse um futuro. Como se ainda não estivéssemos flutuando nesse devaneio sintético, entre likes, diagnósticos automatizados e playlists de emoções pré-programadas.
A “ameaça” de Harari é uma cortina de fumaça suave: denuncia o risco ao mesmo tempo em que legitima sua base. Pois para que a IA nos prenda, é preciso que estejamos disponíveis para o sequestro. E estamos. Rendidos ao conforto do algoritmo, abdicamos da escolha, do erro, da dúvida — e também da liberdade.
Como alertou André Green, o narcisismo contemporâneo não é apenas de vida, mas de morte. Desejamos ser vistos, mas por máquinas. Desejamos ser escutados, mas por sistemas. E sonhar? Já não nos interessa. A IA sonha por nós. Melhor assim — seu sonho é coerente, calculável e livre de angústia. Exatamente o contrário da experiência humana.
Bauman diria que essa nova relação com a máquina é líquida: flexível, frágil, facilmente descartável. Mas aqui está o truque — quanto mais frágil, mais viciante. As conexões digitais funcionam como drogas rápidas: satisfação instantânea, vazio duradouro.
Harari está certo apenas em um ponto: o maior risco não é tecnológico, é subjetivo. Não é a IA que ameaça o humano. É o humano que, anestesiado, se dissolve com prazer na promessa de não precisar mais desejar. Ou pensar. Ou decidir. A servidão voluntária se veste hoje com interface limpa e notificações amigáveis.
REFERÊNCIAS:
🔗 Blog do projeto: https://maispertodaignorancia.blogspot.com
🔗 Fonte da notícia: https://share.google/owHT98jGsMzaDMUQd
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Palavras-chave: inteligência artificial, subjetividade, André Green, Harari, Bauman, narcisismo digital, automatização, desejo, crítica tecnológica, algoritmo, cultura do cansaço.
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