Prompt é rei: a nova gramática da ignorância bem formulada
(https://exame.com/carreira/as-perguntas-mais-feitas-ao-chatgpt-e-como-transforma-las-em-um-prompt-util-segundo-pesquisa)
Vivemos em uma era onde não basta mais saber, é preciso saber perguntar. Mas não qualquer pergunta. A matéria da Exame nos entrega o retrato exato de uma sociedade que já não busca respostas existenciais ou éticas — ela quer respostas que “funcionem”, que gerem “resultado”. O sucesso de um prompt tornou-se o novo índice de inteligência. Se não sabe criar um bom comando, talvez você não esteja preparado para a nova era da ignorância técnica.
A reportagem apresenta uma lista das perguntas mais feitas ao ChatGPT, revelando uma sociedade sedenta por produtividade, fórmulas prontas e atalhos para a performance. Nada de dúvida legítima ou pensamento crítico. A nova espiritualidade digital está nos prompts bem ajustados, nos comandos otimizados, nos pedidos que dizem mais sobre a ansiedade de obter do que o desejo de compreender.
Não se trata de explorar os limites do conhecimento, mas de adaptar-se à lógica da eficiência. A arte de perguntar foi substituída pela ciência da instrução — e o “eu” do sujeito pós-moderno transforma sua angústia em produtividade algoritmizada.
No fundo, o que vemos é um reflexo claro do que Byung-Chul Han chamou de sociedade do desempenho: não se deseja saber por saber, mas por produzir resultado.
A inteligência artificial serve, aqui, como um espelho do nosso vazio — um vazio que não suporta o silêncio da dúvida e busca, desesperadamente, respostas pré-moldadas em linguagem objetiva e direta.
Transformar uma dúvida em prompt útil talvez seja, ironicamente, a forma mais polida de enterrar o pensamento crítico em nome da utilidade mercantil.
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Notas do Autor:
Texto elaborado com base nas reflexões do projeto "Mais Perto da Ignorância".
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