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À primeira vista

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O artigo da Outras Palavras descreve como EdTechs (Byju’s, Khan Academy & cia.) vendem “personalização” e “diversão” enquanto deslizam, sem alarde, para dentro da escola pública paulista — e, de quebra, rebaixam o professor a tutor de chatbot. 


O texto expõe o enredo neoliberal: privatizar sistemas públicos, extrair dados discente-a-discente e apostar num “aluno-consumidor” habituado a recompensas de game.


Nas entrelinhas que interessam ao “Mais Perto da Ignorância”

  1. Gamificação como pedagogia da dopamina – Badges e rankings parecem inocentes, mas a literatura mostra queda de desempenho, trapaças e perda de motivação intrínseca quando o jogo vira obrigação.

  2. Datificação turbinada pela IA – Aluno vira mineiro de si mesmo: cada clique é biombo estatístico para algoritmos famintos por novos mercados (seguindo a lógica do “aprenda-e-entregue seus dados enquanto joga”).

  3. Docente “inovador-Uber” – Certificados Big Tech trocam formação crítica por selos de “professor do mês” — a autoexploração travestida de protagonismo. O adulto vira avatar de tutorial, o currículo vira playlist, e a desigualdade, DLC paga à parte.

  4. Filantropia de showroom – A mesma Byju’s que patrocina a Copa obteve bilhões em venture capital; Khan Academy encanta com “grátis” mas se ancora em bilionários quase tão ansiosos por dados quanto por filantropia reputacional.

Por que isso ecoa o nosso projeto?

“Mais Perto da Ignorância” investiga como discursos high-tech embrulham velhas estratégias de dominação simbólica. Aqui, o pacote é vendido como inclusão digital, mas entrega:

  • • infantilização do aprendizado (like substitui conceito);
  • • mercado de atenção plugado à sala de aula;
  • • ilusão de autonomia enquanto o algoritmo corrige — e define — o caminho;
  • • erosão do espaço crítico que resistia no encontro presencial professor/aluno.

Na prática, o que falta no texto?

  • Indicadores de evasão ou burnout docente desde a adoção massiva dessas plataformas.
  • Dados regionais sobre impacto da “sala Google” na rede paulista — quantas escolas ficaram fora por falta de infraestrutura básica?
  • Debates sobre soberania de dados: onde esses registros educacionais serão hospedados e quem lucra com eles a longo prazo?

Ponto para reflexão irônica (em 220 caracteres)

“Transformar aula em videogame é moderno; só esqueceram de passar o segundo controle para o professor.

#maispertodaignorancia”

Leitura completa:  https://outraspalavras.net/outrasmidias/sp-big-techs-e-gameficacao-do-ensino-publico/

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