A Ditadura do Eu Ideal: quando a perfeição vira prisão
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Vivemos em tempos em que a busca pela perfeição deixou de ser uma
inquietação íntima para se tornar uma imposição coletiva, quase um dever moral.
A matéria da Folha evidencia aquilo que o projeto Mais Perto da Ignorância já
vem apontando: a idealização do eu — impulsionada por discursos de sucesso,
bem-estar e plenitude — não é apenas uma construção subjetiva, mas um mecanismo
socialmente estruturado de opressão.
A sociedade do desempenho, como diagnosticada por Byung-Chul Han, transformou o
sujeito em empresa de si mesmo, onde cada imperfeição é um déficit a ser
eliminado. A perfeição, antes um horizonte simbólico de transcendência ou
amadurecimento, foi engolida pela mercantilização do ser. Agora, ela exige
resultado, performance e visibilidade.
O problema é que esse ideal não admite falhas, nem silêncio, nem luto, nem
sombra. O sofrimento, quando não pode ser curado por algum produto, deve ser
silenciado ou transformado em conteúdo palatável. O imperfeito, nesse novo
regime, não é humano: é improdutivo. Assim, tornamo-nos cúmplices da vigilância
permanente de nossas próprias falhas, terceirizando nossa saúde mental a
algoritmos e coaches.
O que resta é o pânico: a ansiedade de não corresponder, o desespero de não
estar à altura do eu que projetamos — ou que projetaram em nós. Freud já dizia
que o superego pode ser mais cruel que qualquer inimigo externo. Hoje, esse
superego fala em tom de post motivacional.
Como resistir? Talvez aceitando que a busca por uma perfeição coletiva é uma
máscara para o medo de sermos apenas humanos: falhos, finitos, e inacabados.
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Notas do Autor:
Texto elaborado com base nas reflexões do projeto "Mais Perto da Ignorância".
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