Fonte da Opinião
Eu, Moraes e o silêncio que falo!
Se tem algo que me encanta — ou me assusta — é quando um ministro do STF começa dizendo “não sei quem publicou” e em seguida manda derrubar a rede inteira. Eu, se fosse portador dessa ignorância metódica, ficaria vermelhinho de vergonha. Mas Alexandre de Moraes parece surfar nessa onda com um sorriso — “vou bloquear até descobrir quem fez isso”.
Autor José Antônio Lucindo da Silva
#maispertoignorancia
18/06/2025
1. Telegram, março de 2022
Eu confesso: não sabia quem espalhava desinformação no Telegram. A Polícia Federal alegou que o aplicativo ignorou seis ordens do STF e quatro contatos, entre janeiro e março — incluindo perfis do Allan dos Santos . Resultado? Em 18 de março, mando bloquear geral: operadoras, apps, backbone. E multa de R$ 100 mil diários . Dois dias depois, o Telegram finalmente acorda — cumpre parte das ordens, nomeia representante e eu revogo o bloqueio em 20 de março . Brilhante: ignorante até a cooperação surgir.
2. X (antigo Twitter), agosto de 2024
Ignorava quem mantinha perfis ameaçadores e se recusava a nomear representante no Brasil. Resultado? Em 30 de agosto, suspendi o X, suspendi até a Starlink — e imponho multa de R$ 50 mil por usuário que tentasse VPN . Musk, esse provocador, chama tudo de censura. Mas veja só: em 8 de outubro, após nomearem representante e pagarem R$ 28,6 mi em multas, eu libero o acesso e ligo para a Anatel . Simples: ignoro até obedecerem.
3. Rumble, março de 2025
“Não dá nem para saber quem posta ali”, pensei. Bloqueio por descumprimento: sem representante legal, sem suspensão de perfis que propagam ódio ou antidemocracia . Unanimidade no STF: suspensão por tempo indeterminado, até que paguem as multas e indiquem um representante . Eu ignoro o conhecimento, talvez para forçar o silêncio da ignorância.
4. A “minuta do golpe”, junho de 2025
E agora, novamente: admito que não sei quem postou o documento. Mas pressiono o Google: “48 horas pra identificar tudo ou verá bloqueio até me contarem” (foi em 17/6/2025). A performance é a mesma: ignorância declarada, medidas radicais e investigação em curso.
A minha ignorância metódica:
1. Admito o meu desconhecimento — e faço disso uma estratégia.
2. Pergunto com urgência: quem, como, por quê.
3. Sobreponho medidas drásticas ao fluxograma informacional — bloqueio geral, multa, suspensão de acesso.
4. Só recuo quando recebo dados concretos: representante, perícia, dados, montante.
É como se eu dissesse: “Não sei, mas derrubo tudo até me dizerem” — e criticar isso é apontar o dedo para quem ignora que, às vezes, o apagão é revelador.
Um questionamento irônico
No fundo, tem algum método nisso. Segui passo a passo: reconheci a ignorância, coagi pela força, e só aliviava a pressão com provas. Mas será que aprendi alguma coisa além de “se não cumprir, bloqueio o país inteiro”?
Pergunto a mim mesmo — e a você:
**será que esse modelo de investigar na base da pressão extrema é invenção processual ou abuso de poder disfarçado de método científico?**
Referências :
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Bloqueio do Telegram no Brasil. 18 mar. 2022 e 20 mar. 2022 revogação. Disponível em: Wikipedia. Acesso em: 18 jun. 2025 .
BRASIL. STF determina suspensão do X no Brasil. 30 ago. 2024 a 8 out. 2024. Disponível em: Wikipedia. Acesso em: 18 jun. 2025 .
BRASIL. Suspensão da plataforma Rumble no Brasil. 14 mar. 2025. Disponível em: UOL e STF Notícias. Acesso em: 18 jun. 2025 .
CARTA CAPITAL. Moraes dá 48 horas para Google informar autora da “minuta do golpe”. 17 jun. 2025. Disponível em: CartaCapital. Acesso em: 18 jun. 2025 .
Fonte : Principal https://www.cartacapital.com.br/politica/moraes-da-48-horas-para-google-informar-quem-publicou-a-minuta-do-golpe-na-internet/
Comentários
Enviar um comentário