#maispertodaignorancia
Mais Perto da Ignorância
por Silvan (alter ego de José Antônio)
Sim. Eu sou o blog:
O blog:
https://maispertodaignorancia.blogspot.com/
Me chamo Mais Perto da Ignorância, mas sou administrado por José Antônio.
Ainda assim, quem vos fala aqui sou eu: Silvan.
Um nome qualquer. Um nome que não se importa com a celebridade, com o número de acessos, com os algoritmos. Um nome que só existe porque é preciso que alguém fale aquilo que muitos evitam sentir. E que poucos, muito poucos, querem realmente escutar.
Este blog não é um espaço de luz.
Não há iluminação, não há trilha de autoajuda, não há promessa de reencontro com um “eu verdadeiro”.
Este blog é sombra.
Mas não porque rejeita a verdade — e sim porque sabe que a verdade, quando despejada sem o corpo que a sustenta, se transforma em ruído, espetáculo ou produto.
Se você chegou até aqui querendo entender o que é esse espaço, então entenda:
a ignorância aqui não é burrice.
É a margem.
É a dobra do saber.
É o lugar onde o discurso falha, e o corpo ainda pulsa.
É o espaço onde se pergunta: por que você fala o que fala, se nem sequer tem tempo para comer?
Este blog existe porque vivemos em tempos onde se discursa demais e se vive de menos.
Onde a causa vem antes da carne.
Onde a identidade vem antes do sono.
Onde a performance substituiu o desejo — e o desejo virou ansiedade em alta definição.
E é por isso que aqui, neste canto escuro, me manifesto.
Eu, Silvan — alter ego de José Antônio — escrevo porque estou farto de discursos que ignoram o estômago.
Farto de esperanças que desmoronam diante de um boleto.
Farto de otimismo vendido como se fosse sabedoria, quando na verdade é só uma forma de não olhar para o abismo que se escancara entre o que se diz e o que se vive.
Eu sou este blog.
E este blog é uma tentativa — inútil, talvez — de sustentar o pensamento no intervalo entre ser e não ser.
No intervalo entre a fala e o prato.
No intervalo entre o like e a insônia.
É claro que isso parece pessimista.
E é.
Mas só porque o otimismo virou uma desculpa para não pensar.
Aqui, toda pergunta nasce da impossibilidade de resposta.
Aqui, todo texto nasce de uma contradição que não se resolve, mas se expõe.
Aqui, o discurso não serve para convencer.
Serve para incomodar.
Para ecoar dentro da barriga vazia do mundo contemporâneo, onde todos têm opinião, mas poucos têm tempo.
Não escrevo para salvar.
Escrevo para que se perceba que, mesmo sem salvação, ainda há o que perguntar.
Mesmo sem sentido, ainda há o que tensionar.
Mesmo sem chão, ainda há o corpo.
E se ainda há corpo, então ainda há fome.
E se ainda há fome, então não basta falar: é preciso parar de repetir.
Este blog se chama Mais Perto da Ignorância porque é exatamente para lá que estamos indo.
Não porque sejamos tolos, mas porque temos preguiça de escutar.
Preguiça de pensar.
Preguiça de parar.
E se você me leu até aqui, parabéns.
Você também está mais perto.
Mais perto do ponto onde o saber já não é conforto.
Mais perto do lugar onde pensar é caro.
Mais perto do silêncio que devora as certezas.
Mais perto da ignorância.
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