Avançar para o conteúdo principal

A angústia civilizada: repressão, mercadoria e negação diante do mal-estar contemporâneo





A angústia civilizada: repressão, mercadoria e negação diante do mal-estar contemporâneo

Por: José Antônio Lucindo da Silva | CRP: 06/172551 | joseantoniolcnd@gmail.com

Às vezes eu me pergunto: será que esse cansaço crônico, essa ansiedade socialmente aceita e essa produtividade que parece nunca ser suficiente são sintomas de um corpo doente ou de uma civilização que adoeceu junto com ele? [...]

Freud foi meu primeiro guia. Em O mal-estar na civilização, ele me mostrou que viver em sociedade exige um preço psíquico: a repressão dos desejos mais profundos em nome da ordem, da convivência, da moral. [...]

Mas Adorno e Horkheimer me tiraram desse conforto neurótico ao denunciarem que, no capitalismo, até essa repressão virou mercadoria. [...]

Foi então que conheci Ernest Becker, e ele me desferiu o golpe mais direto: o problema não é só o desejo reprimido, mas a morte negada. [...]

Frank Furedi entra nessa conversa como um cronista da nossa fragilidade. [...]

Byung-Chul Han, aquele que parece ter lido minha alma sem que eu pedisse. [...]

Emílio Seoham, por sua vez, me faz olhar para a dúvida que carrego. [...]

E então, Cioran ri de tudo isso. [...]

Por fim, Pierre Fédida me convida ao silêncio. [...]

Este artigo não é uma resposta. É uma convocação. A pensar, a duvidar, a se angustiar – não como fraqueza, mas como sinal de que ainda há algo pulsando em meio à exaustão.

Referências (normas da ABNT):
FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização. Imago, 1996.

ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento. Zahar, 1985.

BECKER, Ernest. A negação da morte. Record, 2007.

FUREDI, Frank. Culture of Therapy. Routledge, 2004.

HAN, Byung-Chul. A sociedade do cansaço. Vozes, 2017.

HAN, Byung-Chul. A agonia do Eros. Vozes, 2019.

SEOHAM, Emílio. Fragmentos filosóficos diversos.

CIORAN, Emil. Breviário de decomposição. Rocco, 2004.

FÉDIDA, Pierre. A ausência como fundamento. Escuta, 1992.

#maispertodaignorancia

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A Técnica, a Exclusão e o Eu: Reflexões Sobre a Alienação Digital e a Identidade na Contemporaneidade

A Técnica, a Exclusão e o Eu: Reflexões Sobre a Alienação Digital e a Identidade na Contemporaneidade Assista o vídeo em nosso canal no YouTube Introdução A cada dia me questiono mais sobre a relação entre a tecnologia e a construção da identidade. Se antes o trabalho era um elemento fundamental na compreensão da realidade, como Freud argumentava, hoje vejo que esse vínculo está se desfazendo diante da ascensão da inteligência artificial e das redes discursivas. A materialidade da experiência é gradualmente substituída por discursos digitais, onde a identidade do sujeito se molda a partir de impulsos momentâneos amplificados por algoritmos. Bauman (1991), ao analisar a modernidade e o Holocausto, mostrou como a racionalidade técnica foi usada para organizar processos de exclusão em grande escala. Hoje, percebo que essa exclusão não ocorre mais por burocracias formais, mas pela lógica de filtragem algorítmica, que seleciona quem merece existir dentro da esfera pública digita...

A Ilusão do Home Office: Uma Crítica Irônica à Utopia Digital

A Ilusão do Home Office: Uma Crítica Irônica à Utopia Digital Resumo Neste artigo, apresento uma análise crítica e irônica sobre a idealização do home office no contexto atual. Argumento que, embora o trabalho remoto seja promovido como a solução ideal para o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, ele esconde armadilhas significativas. Além disso, com o avanço da inteligência artificial (IA), muitas das funções desempenhadas em home office correm o risco de serem substituídas por máquinas, tornando essa modalidade de trabalho uma utopia efêmera. Este texto foi elaborado com o auxílio de uma ferramenta de IA, demonstrando que, embora úteis, essas tecnologias não substituem a experiência humana enraizada na materialidade do trabalho físico. Introdução Ah, o home office! Aquela maravilha moderna que nos permite trabalhar de pijama, cercados pelo conforto do lar, enquanto equilibramos uma xícara de café em uma mão e o relatório trimestral na outra. Quem poderia imaginar ...

Eu, o algoritmo que me olha no espelho

  Eu, o algoritmo que me olha no espelho Um ensaio irônico sobre desejo, ansiedade e inteligência artificial na era do desempenho Escrevo este texto com a suspeita de que você, leitor, talvez seja um algoritmo. Não por paranoia tecnofóbica, mas por constatação existencial: hoje em dia, até a leitura se tornou um dado. Se você chegou até aqui, meus parabéns: já foi computado. Aliás, não é curioso que um dos gestos mais humanos que me restam — escrever — também seja um dos mais monitorados? Talvez eu esteja escrevendo para ser indexado. Talvez eu seja um sintoma, uma falha de sistema que insiste em se perguntar: quem sou eu, senão esse desejo algorítmico de ser relevante? Não, eu não estou em crise com a tecnologia. Isso seria romântico demais. Estou em crise comigo mesmo, com esse "eu" que performa diante de um espelho que não reflete mais imagem, mas sim dados, métricas, curtidas, engajamentos. A pergunta não é se a IA vai me substituir. A pergunta é: o que fiz com meu desejo...