O Colapso da Geração Z: Entre a Alienação Digital e o Mercado Real

Introdução
Eu sou da Geração Z, aquela turma hiperconectada e completamente alienada (prazer!). Acordo todos os dias com o smartphone grudado na mão – afinal, tenho que conferir quantos likes ganhei dormindo. Meus avós tinham álbuns de fotos; eu tenho feed do Instagram e crises existenciais. Nunca estivemos tão conectados e, ironicamente, tão isolados: passamos horas online e quase nada de tempo real com amigos, sentindo-nos “mais sozinhos do que nunca” (Twenge, 2018). O resultado? Uma ansiedade latente e aquela sensação de que minha vida é sempre pior que a do outro (obrigado, cultura da comparação!). Logo eu, que teoricamente tenho o mundo inteiro à distância de um clique, mal consigo lidar com o mundo real à minha frente.
Em primeira pessoa, vou narrar aqui – com uma boa dose de ironia – os dilemas de ser Gen Z em meio a expectativas virtuais e frustrações materiais. Spoiler: não é fácil viver num mundo de ilusões digitais enquanto as contas chegam no fim do mês. Entre referências a pensadores como Jean Twenge, Byung-Chul Han, Freud e Yuval Harari, questionarei como as redes sociais impactam minha geração, alimentando comparação e ressentimento, enquanto o mercado de trabalho e a realidade insistem em dar choque de realidade. Preparados? Então vamos ao meu relato irônico de sobrevivência na era do Wi-Fi e do vazio existencial.
Desenvolvimento
Vida digital, alienação real
Eu passo o dia todo imerso nas redes sociais – meu universo particular de likes, memes e militância de sofá. Ser da Gen Z significa viver uma realidade filtrada: todo mundo aparenta sucesso e felicidade 24/7, e eu aqui, com olheiras, rolando o feed. As redes nos venderam a ideia de comunidade global, mas entregaram solidão e ansiedade. A psicóloga Jean Twenge percebeu esse paradoxo ao estudar minha geração “iGen”: estamos constantemente conectados (em média 9 horas por dia online!) e ainda assim somos a geração mais solitária já registrada (Twenge, 2018).
Faz sentido – trocamos o contato humano por curtidas virtuais. Como não ficar alienado? Hoje, facetime com amigos é literalmente FaceTime no iPhone. E quando vejo os stories perfeitos alheios, comparo com os bastidores fracassados da minha vida. Surge um ressentimento silencioso: se todo mundo parece feliz menos eu, o problema devo ser eu, certo? Errado – é o inferno da transparência. Byung-Chul Han já alertava que a sociedade da hiperexposição é um “inferno do igual” onde todo mundo se nivela na mesmice superficial (Han, 2018).
A comparação constante torna-se regra, e qualquer autenticidade vai pro ralo. Na prática, minha subjetividade virou moeda: quem sou eu de verdade importa menos do que minha identidade virtual cuidadosamente editada. Resultado? Uma geração exausta de tentar parecer perfeita e infeliz de verdade. Não à toa, dispararam os índices de depressão entre jovens justamente após a popularização do smartphone e do Instagram (Twenge, 2018). Estamos pagando em saúde mental o preço de tanta conexão vazia.
Trabalho, burnout e a realidade material
Além da vida digital caótica, tem a vida offline batendo à porta – principalmente na forma de trabalho (ou da falta dele). Freud dizia que o trabalho é um pilar da civilização e até um índice de saúde mental, ou seja, nossa ligação concreta com a realidade material (Freud, 1930). Se ele estiver certo, minha geração tá frita.
A ironia é que sou chamado de preguiçoso pela geração anterior, mas na verdade estou cansado – cansado de tentar me adequar a um mercado que muda mais rápido que meus aplicativos. Trabalhamos muito (ou buscamos trabalho incessantemente) e colhemos pouco: um salário que mal paga a terapia. Byung-Chul Han, no ensaio Sociedade do Cansaço, explica que trocamos a disciplina externa pela autoexploração: agora a gente mesmo se cobra produzir sempre mais, ser sempre melhor. Viramos pequenos empreendedores de nós mesmos, num ciclo de produtividade infinita que leva ao burnout (Han, 2017).
Do ativismo woke ao cinismo neoliberal
Minha geração ficou conhecida pelo ativismo woke, hiperconsciente de pautas sociais. Mas agora a maré virou de novo: quando militância deixou de dar lucro (ou pior, começou a dar prejuízo), o mercado recuou. “Quem lacra não lucra”, diz o ditado contemporâneo – e parece que os executivos levaram ao pé da letra. Yuval Harari prevê que a próxima revolução tecnológica poderá nos transformar numa “classe inútil” – substituídos por algoritmos e inteligência artificial (Harari, 2017).
A cultura woke esvaziada expõe um vazio maior: o da nossa subjetividade em crise. Tudo vira mercadoria, até nossas lutas e identidades. A resposta do sistema à nossa crise interior foi previsível: privatize-se! Se você está deprimido, compre um aplicativo de meditação premium; se sente solidão, assine um serviço de matchmaking; se busca propósito, vira coach de você mesmo. O neoliberalismo adora transformar problemas coletivos em negócios privados. Assim, cada um que se vire com seu fardo – e pague por isso. Saúde mental? Contrate um plano top. Educação confusa? Toma aqui um cursinho online, parcelado em 12 vezes.
Conclusão
Ser Geração Z é equilibrar-se num fio entre duas realidades: a virtual (cheia de filtros, likes, ideais bonitos) e a material (cheia de boletos, inseguranças e contradições). Se nada faz sentido, talvez a ignorância seja uma bênção. No fim das contas, talvez estejamos todos apenas #maispertodaignorancia #norolecomaignorancia.
Referências
Freud, S. (1930). O mal-estar na civilização. Imago.
Han, B. (2017). Sociedade do Cansaço. Editora Vozes.
Han, B. (2018). Sociedade da Transparência. Editora Vozes.
Harari, Y. N. (2017). Homo Deus: Uma breve história do amanhã. Companhia das Letras.
Twenge, J. (2018). iGen: Por que os jovens superconectados de hoje estão crescendo menos rebeldes, mais tolerantes, menos felizes – e completamente despreparados para a vida adulta. Editora Sextante.
https://youtu.be/T0b6iiPIdQU?si=OxdYRTJg7MDVXP6M
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