Vivemos em um tempo em que o uso da inteligência artificial (IA) como ferramenta parece algo distante. Constantemente, surgem matérias sobre como identificar se um texto foi ou não escrito por um ser humano. É curioso, porque essa verificação pode ser bem simples: basta conversar com a pessoa para perceber a autenticidade do discurso. A questão não é apenas se um texto soa verdadeiro, mas se nós, ao lermos um texto em um espaço público, somos capazes de discernir sua autenticidade. Isso vai além da IA e depende, sim, da nossa estrutura intelectual – ou da nossa habilidade de interpretação, se preferirmos dizer assim.
O problema é que o discurso em si nunca dá conta do "eu". Podemos responder com rapidez e precisão, mas isso ajuda pouco na identificação de algo "real" dentro desse discurso. Perseguir essa autenticidade por meio da IA soa, no mínimo, como uma regressão.
Em última análise, buscar a verdade – uma verdade real e não uma "verdade" fabricada por discursos vazios – exige esforço. A IA oferece facilidades, sem dúvida. Posso discursar aqui, transformar o áudio em texto, pedir para corrigir, ajustar o tom, e pronto. Mas, nesse processo, não nos tornamos também parte de um "quadrado"? Um quadrado de palavras, uma tela que projeta uma verdade estéril?
Enfim, ironicamente, aqui está mais um texto corrigido pela IA – e, curiosamente, talvez menos verdadeiro do que a própria dúvida que ele suscita.
#maispertodaignorancia
@joseantoniolucindodasilva
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