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Entre Superegos e Algoritmos: Freud Não Te Seguiria de Volta

Entre Superegos e Algoritmos: Freud Não Te Seguiria de Volta Fonte do Link em questão Assista no Canal @maispertodaignorancia É curioso, para não dizer desesperador, que tenhamos conseguido converter a “Psicologia das Massas” de Freud em manual de boas práticas para linchamento digital. A matéria da Aventuras na História (2023) tenta nos vender uma reconciliação improvável: o cancelamento como fenômeno que Freud “explicaria” com entusiasmo, como se o velho doutor estivesse a favor do tribunal da hashtag.  Permita-me, com ironia devidamente fundamentada, discordar. A primeira confusão já começa no entendimento de massa. Para Freud (1921/2011), a massa não é só um ajuntamento de corpos, mas uma dissolução do Eu. O indivíduo, ao se fundir com o grupo, suspende sua autonomia crítica e se submete a uma identificação com o ideal.   No cancelamento digital, no entanto, não há ideal coletivo — apenas a projeção de ressentimentos individuais em figurações de moral. Cancelar...

Discursividade econômica e adoecimento social na crise brasileira

Discursividade econômica e adoecimento social na crise brasileira Em tempos de euforia contábil e discursos de "estabilidade", talvez seja hora de perguntar: o que adoece quando a economia melhora? Este ensaio articula dados concretos de informalidade, precarização, ansiedade e burnout com o discurso midiático da autonomia produtiva — revelando um Brasil que finge independência intelectual enquanto convulsiona por dentro. Atravessando Marx, Byung‑Chul Han e Dejours, o texto traça um mapa do sofrimento contemporâneo onde o corpo, o trabalho e a linguagem colapsam juntos. Não há solução no final. Apenas a dúvida bem colocada. 📎 Baixe o artigo completo aqui: https://drive.google.com/file/d/1ZNbRCVeigYD_T-xEf3Pk2BNxI9ZfUOYz/view?usp=drivesdk #maispertodaignorancia ✍️ Nota do autor José Antônio Lucindo da Silva é psicólogo clínico (CRP 06/172551), pesquisador independente e autor do projeto Mais Perto da Ignorância, dedicado a analisar a cultura digital, o trabalho e ...

Zuckerberg falou. O Brasil não ouviu.

Zuckerberg falou. O Brasil não ouviu. Fonte da Informação Podcast Mais Perto Da Ignorância Canal no YouTube @maispertodaignorancia Subtítulo: Quando a superinteligência encontra o subacesso: a utopia digital que não atravessa a BR-116. Mark Zuckerberg lançou uma carta ao futuro — ou, para ser mais preciso, a uma bolha de leitores plenamente conectados, bilíngues, tecnofílicos e capitalizados. Nela, o CEO da Meta anuncia que a superinteligência artificial está batendo à nossa porta, como um missionário iluminado que oferece progresso em bytes. Mas, em que porta, exatamente, ela está batendo? Vamos aos dados que Zuckerberg não cita: Indicador Valor Taxa de analfabetismo funcional (Brasil, 2023) 29% (população adulta) Taxa de analfabetismo digital (Brasil, 2023) 41% (população ≥ 15 anos) População sem acesso à internet 32 milhões de pessoas População co...

Em poucas linhas: comparo a nova “bolha IA” às pontocom, mapeio sete frentes de risco — do estouro financeiro ao esgotamento psíquico

Em poucas linhas: comparo a nova “bolha IA” às pontocom, mapeio sete frentes de risco — do estouro financeiro ao esgotamento psíquico  1 | Introdução Falo na primeira pessoa: em 1999, vendiam “sites que mudariam o mundo”. Hoje, vendem chips que “põem a própria mente em segundo plano”. A euforia parece igual, mas o jogo ficou mais caro: agora, especulamos com energia, água e saúde mental. (SEEKING ALPHA, 2025) 2 | Sete parâmetros para entender o hype 2.1 Economia política Os dez maiores nomes do S&P 500 já controlam mais de 37 % do índice — patamar próximo ao pico da bolha dot-com (REUTERS, 2025) . A volatilidade geopolítica — tarifas, corrida por semicondutores — pode furar esse balão num estalo. (BARRON’S, 2025) 2.2 Energia e água Estudo da Universidade de Michigan mostra que até 30 % da energia usada para treinar LLMs vira calor desperdiçado (CHUNG et al., 2024) .  E não é só eletricidade: Google, Microsoft e Meta gastaram cerca de 580 bilhões de litr...

Sedentarismo cognitivo: o novo sedentarismo que começa na mente

Sedentarismo cognitivo: o novo sedentarismo que começa na mente Quando o cérebro entra em “modo economia de energia” diante de telas infinitas e respostas prontas A ideia de que “quem não se mexe atrofia” ultrapassou os limites da musculatura e chegou ao córtex. Reportagem do portal Minha Vida cunhou o termo sedentarismo cognitivo para descrever a dependência de soluções automáticas — sejam feeds infinitos ou prompts de IA — que poupam o esforço de pensar criticamente. Na prática, entramos numa academia onde o cérebro nunca levanta peso algum. A ciência por trás da metáfora Pesquisas recentes reforçam que preguiça mental cobra pedágio neural. Um estudo japonês com 7.097 crianças mostrou que expô-las a quatro horas ou mais de tela aos 12 meses quase quintuplica o risco de atrasos de linguagem e resolução de problemas aos quatro anos. Em adultos, o problema muda de endereço: ressonâncias magnéticas com idosos saudáveis registraram que hipocampos menores perdem volum...

Proibir ou punir? Quando a proteção veste a toga do controle

Proibir ou punir? Quando a proteção veste a toga do controle Fonte da Informação Austrália quer banir menores de 16 anos das redes sociais, mas decisão pode revelar mais sobre os adultos do que sobre os jovens. O medo é deles — ou nosso? O governo australiano propôs, nesta semana, o banimento de adolescentes com menos de 16 anos de plataformas como TikTok, Instagram e YouTube. A justificativa: proteger a saúde mental infantojuvenil. Mas será que o silêncio imposto é mesmo cuidado — ou apenas mais um recalque disfarçado de zelo público? 🔹 O fetiche da segurança digital A proposta surge em meio ao aumento de diagnósticos de ansiedade e depressão entre jovens. Porém, como lembra Zygmunt Bauman, em *O mal-estar da pós-modernidade*, a sociedade contemporânea busca segurança não para enfrentar o risco, mas para evitá-lo a qualquer custo. A liberdade é vigiada, higienizada, proibida de falhar — sob pena de ser culpabilizada por sofrer. 🔹 Recalque legislativo, ang...

Entre o Déficit e o Espelho: narcisismo de morte, populismo fiscal e o impasse psicossocial da economia brasileira

Entre o Déficit e o Espelho: narcisismo de morte, populismo fiscal e o impasse psicossocial da economia brasileira Resumo Nas últimas décadas, o Estado brasileiro convive com déficits orçamentários crônicos e uma dívida pública em trajetória ascendente. Paradoxalmente, governos de matizes distintos mantêm – ou ampliam – renúncias fiscais, subsídios regressivos e pacotes de benefícios de curto prazo que agravam a fragilidade estrutural. Este ensaio interpreta esse aparente “apetite pelo fracasso” à luz do conceito de narcisismo de morte (Green), articulado a categorias de Bauman (modernidade líquida) e à economia política do populismo fiscal. Argumenta-se que tal lógica autodestrutiva opera como resposta psíquica coletiva à tensão entre desigualdade persistente e promessa democrática de bem-estar; ao espetacularizar a crise, produz-se capital simbólico e eleitoral, ainda que à custa da solvência do futuro. 1. Introdução Desde 2014, o setor público consolidado do Brasil fe...