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Superdotados de Invisibilidade

Superdotados de Invisibilidade Fonte Inicial Superdotados de Invisibilidade Se os dados são os novos deuses do discurso, que fé estamos alimentando ao repetir — ano após ano — que o Brasil tem milhões de analfabetos, que as crianças não leem, que os jovens não aprendem? Não questiono a veracidade, questiono o que se cala entre as estatísticas. Os links, essas portas de entrada para os dados, não conduzem à emancipação, mas à desistência programada. E o mais inquietante é que até mesmo da educação funcional só nos restam gráficos do fracasso. Parece que o país, ao invés de ensinar, escolheu contar quantos não aprendem. E onde estão os superdotados? Onde estão os talentos que surgem na periferia, nos sertões, nas quebradas? Não estão. Não porque não existam, mas porque não são contados. A ausência de dados sobre a inteligência criativa do povo não é descuido: é projeto. Sangrar esse discurso é mostrar que, ao focar apenas nos que “fracassam”, o sistema nega o desejo, o sonho ...

O CÉREBRO LEITOR? NÃO, O CORPO EM FALÊNCIA!

O CÉREBRO LEITOR? NÃO, O CORPO EM FALÊNCIA! Fonte Inicial O CÉREBRO LEITOR? NÃO, O CORPO EM FALÊNCIA Dizem que a leitura moldou o cérebro humano — como se bastasse decodificar símbolos para alcançar a redenção cognitiva. Mas e o corpo que não come? E o silêncio que não ensina? Enquanto neurocientistas celebram circuitos de leitura profunda, o Brasil tropeça em escolas com teto caindo, crianças que nunca foram lidas e famílias que só leem boletos. O discurso do “cérebro leitor” soa bonito, mas serve à lógica do desempenho: transforme-se! Aprenda! Leia mais rápido! Fique mais produtivo! Só que depressão, ansiedade e pânico não se resolvem com um parágrafo bem interpretado. Temos um mercado abarrotado de psicólogos e um país em colapso subjetivo. Não falta leitura. Falta vivência. Falta corpo. O problema não é a ausência de leitura profunda, mas a ausência de chão. E enquanto o sofrimento for tratado como distração, e a leitura como algoritmo de salvação, o que teremos não ser...

Quando a IA Gozar Sozinha, Seremos Só Aparelho?

Quando a IA Gozar Sozinha, Seremos Só Aparelho? Fonte da Notícia O texto da Fast Company Brasil que você compartilhou apresenta dois avanços recentes em inteligência artificial que, embora discretos na mídia, podem representar uma guinada fundamental rumo à tão discutida Inteligência Artificial Geral (IAG). Eis uma análise crítica, conectando as ideias centrais à filosofia, à sociologia e à psicologia, conforme o projeto Mais Perto da Ignorância: 1. A IA começa a "sentir" — e isso não é elogio O projeto WildFusion, desenvolvido pela Universidade de Duke, integra visão, tato e vibração para que um robô quadrúpede reconheça e reaja ao ambiente com mais "sensibilidade". Em termos técnicos, é um salto. Em termos filosóficos, é um sinal de alerta. Não porque a IA esteja se tornando “mais humana”, mas porque estamos nos aproximando da fantasia tecnocientífica de um corpo maquínico que simula percepção — sem sofrimento, sem angústia, sem desejo. Ou seja, um cor...

ENTRE O DISCURSO LÍQUIDO E A MATÉRIA ESCASSA:

ENTRE O DISCURSO LÍQUIDO E A MATÉRIA ESCASSA:  Uma análise psicobiossocial do Estado brasileiro na era do capitalismo de vigilância Autor: José Antônio Lucindo da Silva #maispertodaignorancia Orientador: Emil Cioran (in memoriam) – autor de Breviário de Decomposição Coorientadores: Shoshana Zuboff; Cathy O’Neil Araraquara – SP 2025 FOLHA DE ROSTO José Antônio Lucindo da Silva. ENTRE O DISCURSO LÍQUIDO E A MATÉRIA ESCASSA: uma análise psicobiossocial do Estado brasileiro na era do capitalismo de vigilância. 2025. 42 f. Trabalho de Conclusão de Curso (não como o elaborado) – Universidade “Mais Perto da Ignorância”, Araraquara, 2025.   RESUMO Este trabalho investiga como a escassez material — expressa em déficit fiscal, precarização de serviços públicos e endividamento familiar — convive com a aparente infinitude dos dados pessoais extraídos pelo capitalismo de vigilância. Articula‑se uma abordagem psicobiossocial: Karl Marx (fetichismo da mercadoria), Zy...

Escrevo, logo performo (ou finjo que penso)

 Escrevo, logo performo (ou finjo que penso): Escrevo, logo performo (ou finjo que penso) Hoje cedo, o feed me gritou que alunos que empurram a redação ao ChatGPT aprendem menos.( noticias.uol.com.br ) Toquei no texto, senti um leve remorso e segui: afinal, minha rotina já troca rascunhos sujos por prompts reluzentes. Aqui, “escrever” é entregar KPI: likes, cliques, retention. Byung-Chul Han traduziu o fenômeno como sociedade do desempenho( revistaseletronicas.pucrs.br ); Jonathan Crary preferiu chamar de capitalismo 24/7, sem direito a cochilo.( amazon.com ) Qual o saldo? Quatrocentos e dez pontos no PISA, nota que não paga café,( gov.br ) Wi-Fi oscilante na periferia e o direito sagrado ao scroll sem fim. A pesquisa TIC Kids Online confirma nossa dependência móvel, mas ninguém larga o osso.( cetic.br ) Pausar para pensar custa unfollow; ficar mudo, então, é ser soterrado pelo algoritmo. Querem autenticidade, pagam rapidez: fabrico micro-sabedoria, passo ao tópico seguinte, colo...

ENTRE O FEED E A FINITUDE: VIOLÊNCIA JUVENIL COMO SINTOMA DA MODERNIDADE LÍQUIDA

ENTRE O FEED E A FINITUDE: VIOLÊNCIA JUVENIL COMO SINTOMA DA MODERNIDADE LÍQUIDA Projeto “Mais Perto da Ignorância” – “A apenas mais uma opinião “, sem pretensão de verdade, apenas reflexão INTRODUÇÃO Assumo a primeira pessoa para examinar a brutalidade que, em junho de 2025, levou um adolescente de catorze anos a executar pais e irmão em Itaperuna-RJ e, logo depois, ganhar curtidas, views e hashtags (UOL, 2025a; CNN Brasil, 2025). O caso parece pontual, mas ecoa uma cena recorrente: jovens que transitam num espaço discursivo infinito, projetam ali um “eu” sem limites e devolvem ao mundo material atos extremos quando alguém – geralmente a família ou a escola – lhes recorda o “não” da realidade. Meu objetivo é articular esse fenômeno à luz de Freud, Bauman, Becker, Kübler-Ross e da correspondência Einstein-Freud, compondo uma reflexão psicossocial e antropológica sobre a violência sistêmica no contexto estudantil. REFERENCIAL TEÓRICO ...

“IA corrige redações, a rua corrige ilusões: notas perfeitas para um abismo em expansão”

“IA corrige redações, a rua corrige ilusões: notas perfeitas para um abismo em expansão”  Sumário em uma frase:  Ponho o dedo no gatilho algorítmico que dita produtividade, mas o tiro ricocheteia na rua sem teto, no cérebro saturado de notificação e no desespero civilizatório já descrito por Freud, Bauman e Byung-Chul Han — a Inteligência Artificial apenas faz soar mais alto a sirene que fingíamos não ouvir. Introdução – um espelho que devolve fendas: Escrevo como professor (não sou professor, e nem educador ), exausto, psicólogo intrigado e cidadão que tropeça em barracas azuis a caminho da escola. A coluna de Fernando Schüler, animada pelo estudo do MIT sobre “atrofia cognitiva” induzida pelo ChatGPT chamou minha atenção, mas a experiência diária diz que o buraco é maior: o músculo intelectual definha porque o tempo e o espaço de pensar já foram leiloados. Quando CEOs admitem substituir gente por código e start-ups vendem detectores para “caçar” textos sintético...