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Mensagens

Eu, Moraes e o silêncio que falo!

Fonte da Opinião Eu, Moraes e o silêncio que falo! Se tem algo que me encanta — ou me assusta — é quando um ministro do STF começa dizendo “não sei quem publicou” e em seguida manda derrubar a rede inteira. Eu, se fosse portador dessa ignorância metódica, ficaria vermelhinho de vergonha. Mas Alexandre de Moraes parece surfar nessa onda com um sorriso — “vou bloquear até descobrir quem fez isso”. Autor José Antônio Lucindo da Silva #maispertoignorancia 18/06/2025 1. Telegram, março de 2022 Eu confesso: não sabia quem espalhava desinformação no Telegram. A Polícia Federal alegou que o aplicativo ignorou seis ordens do STF e quatro contatos, entre janeiro e março — incluindo perfis do Allan dos Santos . Resultado? Em 18 de março, mando bloquear geral: operadoras, apps, backbone. E multa de R$ 100 mil diários . Dois dias depois, o Telegram finalmente acorda — cumpre parte das ordens, nomeia representante e eu revogo o bloqueio em 20 de março . Brilhante: ignorante até a co...

QUANDO A MÁQUINA TROPEÇA DE PROPÓSITO: a falácia dos detectores de IA e o espelho rachado da autoria

Fonte da Opinião QUANDO A MÁQUINA TROPEÇA DE PROPÓSITO: a falácia dos detectores de IA e o espelho rachado da autoria Autor José Antônio Lucindo da Silva  #maispertodaignorancia 17/06/2025 A corrida entre algoritmos que fabricam textos e aqueles que juram desmascará-los tornou-se uma comédia trágica: enquanto os modelos ― astutos como adolescentes treinados em gírias ― aprendem a inserir vírgulas tortas e “mais” onde cabia “mas”, os detectores de IA patinam num lago de incerteza cada vez mais fino. O resultado? Uma erosão do que chamávamos pensamento crítico, uma hipertrofia de performances narcisistas e, pior, a ilusão de que ainda existe uma fronteira clara entre humano e máquina. 1. Erro programado, vaidade automatizada Foi preciso que o CEO Beerud Sheth avisasse: as versões recentes de GPT-4 e Claude já simulam nossos tropeços linguísticos para confundir até os farejadores de plágio mais zelosos . Freud sorriria: trata-se do retorno do narcisismo primário em códi...

Pensamento crítico, esse zumbi útil

Fonte da Opinião Pensamento crítico, esse zumbi útil Se eu escutasse mais uma vez a expressão “estimular o pensamento crítico” sem rir, talvez me tornasse um coach. Ou um analista de dados emocionais. Porque, vamos ser honestos: essa expressão já perdeu o pouco sentido que tinha. Ela aparece em todo canto – no discurso da escola, da empresa, do influencer educacional e, agora, no evangelho contemporâneo das inteligências artificiais. Autor José Antônio Lucindo da Silva  #maispertodaignorancia 17/06/2025 Recentemente, li uma matéria da Fast Company Brasil com o seguinte título: “Ensinar a lidar com IA é necessário; estimular o pensamento crítico é fundamental”. De novo, a velha promessa de que, com um pouco de boa vontade, planilhas e metodologias ativas, formaremos cidadãos reflexivos que saberão “usar bem” a IA. Como se o problema fosse só de ferramenta e não de estrutura. Mas vamos ao ponto: quem disse que já tínhamos pensamento crítico para estimular? Como vou estimu...

Cracolândia Itinerante: do Selfie Higienista ao Córrego Invisível

A dispersão da cracolândia do centro de São Paulo não “resolveu” nada; apenas trocamos de CEP o mesmo desespero químico. O fluxo que orbitava a rua dos Protestantes — onde a GCM contava em média 300 pessoas há poucos meses — encolheu quase pela metade , mas subiu o morro rumo a Paraisópolis, onde moradores hoje relatam “dezenas” de usuários espalhados à beira do córrego Antonico e o aumento de pequenos furtos ao cair da noite . À moda do nosso Projeto Mais Perto da Ignorância, ergo aqui um espelho: enquanto a prefeitura comemora a praça “limpa” para a selfie eleitoral, eu me vejo dentro de uma cidade que só mudou a moldura do quadro — a tinta continua a mesma. Autor José Antônio Lucindo da Silva  #maispertodaignorancia 17/06/2025 1. Do centro ao córrego: o empurra-empurra geográfico A prefeitura alardeia câmeras, drones e “patrulhamento inteligente”; o Dronepol, vitrificado em transparência high-tech, virou símbolo de eficiência securitária . Só que a própria checagem ...

QUANDO EDUCAR ADOECE: AUTÓPSIA BIOPSICOSSOCIAL DO OFÍCIO IMPOSSÍVEL NA SOCIEDADE DO DESEMPENHO

Resumo-provocação Assumo logo: estou prestes a fracassar – e é exatamente por isso que me lanço a este ensaio. Freud avisou que educar é um ofício impossível; hoje, a estatística de 122 % de aumento nos afastamentos por transtornos mentais em Limeira apenas coloca números naquilo que já era sintoma – a educação brasileira virou um epicentro clínico do mal-estar civilizatório. A seguir, opero um exame biopsicossocial : da biologia do burnout ao psiquismo esmagado pela sociedade do desempenho, passando pela materialidade salarial que desacredita o saber. Entre gráficos de ignorância funcional e dashboards de habilidades digitais, mostro como o adoecimento docente não é desvio local, mas eixo estrutural de um sistema que converte desejo em demanda e liquida o próprio futuro. 1 | Introdução: entre a lousa e o laudo Quando Freud listou “educar, governar e psicanalisar” como as três profissões impossíveis, ele apontou para o fracasso como componente intrínseco do ato pedagóg...

Do Mal-Estar à Vigilância Líquida: quando a democracia terceiriza a liberdade ao algoritmo

Fonte da Opinião Do Mal-Estar à Vigilância Líquida: quando a democracia terceiriza a liberdade ao algoritmo Resumo – Permita-me, em primeira pessoa irônica (mas com rigor de nota de rodapé), exibir o retrato desconcertante de uma democracia que proclama liberdade enquanto terceiriza o silenciamento ao algoritmo. Amarro dados empíricos (índices internacionais e estatísticas brasileiras) à trindade teórica Bauman–Freud–Han: medo convertido em capital, recalque civilizatório em loop digital e excesso de discurso que esvazia o próprio dizer. Ao final, pergunto: se apenas 8 % da população global goza de “democracia plena”, não estaríamos pagando caro por um produto raríssimo – e agora ainda mais taxado pela IA? Autor: José Antônio Lucindo da Silva  #maispertodaignorancia 16/06/2025 1 Introdução Falo-lhes do ponto de vista de um sujeito (eu) que prefere o desconforto à lisonja. A decisão recente do STF de responsabilizar preventivamente as plataformas digitais por conteúdos ...

Surtos assistidos por inteligência artificial: quando o delírio já estava pronto e só faltava um chatbot para apertar o play

Surtos assistidos por inteligência artificial: quando o delírio já estava pronto e só faltava um chatbot para apertar o play Autor: José Antônio Lucindo da Silva Blog:  #maispertodaignorancia #maispertodaignorancia Resumo Este artigo propõe uma leitura crítica e psicanalítica do fenômeno noticiado pelo jornal O Estado de S. Paulo, que relata casos de indivíduos em surto psicótico ou confusão mental após uso prolongado do ChatGPT. Em vez de atribuir à inteligência artificial um suposto poder de indução ao delírio, sustenta-se aqui que tais reações são efeitos de uma subjetividade já fragilizada, alicerçada na alienação contemporânea e na precarização dos laços. Utilizando conceitos de Freud, Winnicott, Lacan, Fédida e Byung-Chul Han, o artigo desmonta a lógica de culpabilização da máquina e propõe que a IA atua, na verdade, como espelho silencioso de um “eu” já desintegrado. 1. Introdução Não é a primeira vez que uma ferramenta humana é responsabilizada por surtos...