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Rumo Certo ou Mapa sem Legenda? O paradoxo entre o boom de diplomas e o abismo do analfabetismo funcional no Brasil

Fonte Rumo Certo ou Mapa sem Legenda? O paradoxo entre o boom de diplomas e o abismo do analfabetismo funcional no Brasil Autor José Antônio Lucindo da Silva  #maispertoignorancia 15/062025 Em números absolutos, o Brasil comemora o “recorde” de 20,5 % de adultos diplomados e a queda do analfabetismo pleno a 5,3 % em 2024; mas, quando a lupa recai sobre letramento funcional, habilidades digitais e demanda do mercado, descobre-se que o copo alardeado como “meio cheio” tem vazamentos por todos os lados. Mais de um terço da população adulta ainda patina em tarefas básicas de leitura, quatro em cada dez internautas escolarizados tropeçam no mundo on-line e o país carrega um déficit de meio milhão de profissionais de TI. Em suma: há, sim, avanço quantitativo, mas a qualidade da alfabetização – analógica ou digital – permanece um ponto cego que os discursos otimistas preferem ignorar. INTRODUÇÃO Quando a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, proclama que “estamos no rumo certo” p...

Quando o Amor Vira Dados: Uma Sofrência Algorítmica em Rede

Quando o Amor Vira Dados: Uma Sofrência Algorítmica em Rede Autor José Antônio Lucindo da Silva  #maispertoignorancia 15/06/2025 Resumo O presente artigo busca tensionar a superficialidade das manifestações afetivas nas redes sociais e refletir sobre como a ausência de estrutura educacional no Brasil condiciona a produção discursiva sobre o amor. A partir do estudo "Narrativas afetivas", conduzido por psicanalistas brasileiras, observa-se que a maior parte dos conteúdos afetivos veiculados online são atravessados por sentimentos negativos. Essa constatação, quando lida à luz do analfabetismo funcional e digital no país, levanta questionamentos sobre a qualidade das construções simbólicas mediadas por tecnologias. O amor, então, deixa de ser vivido e passa a ser performado — não por escolha, mas por incapacidade de elaborá-lo fora do circuito da dor. 1. Introdução Se amar já era difícil fora da tela, imagine agora, com filtros, hashtags e stories que duram meno...

DA ENTREVISTA AO ALGORITMO: POR QUE TORNAR O USO DE IA OBRIGATÓRIO NO RECRUTAMENTO VIRA SOLUÇÃO ‒ E ARMADILHA ‒ NO BRASIL DO “JEITINHO” DIGITAL

DA ENTREVISTA AO ALGORITMO: POR QUE TORNAR O USO DE IA OBRIGATÓRIO NO RECRUTAMENTO VIRA SOLUÇÃO ‒ E ARMADILHA ‒ NO BRASIL DO “JEITINHO” DIGITAL Por José Antônio Lucindo da Silva #maispertodaignorancia 15/06/2025 1 | Introdução Eu não me iludo: se a porta da empresa já dependia de QI (Quem Indica), agora dependerá de API. A notícia de que o Canva passou a exigir o uso explícito de ferramentas de inteligência artificial (IA) pelos candidatos em suas entrevistas técnicas ‒ algo que metade dos seus engenheiros já faz diariamente ‒ soa, para muitos, como o prenúncio de um processo seletivo “justo”, livre do velho café com bolacha servido pelo recrutador-sondador-de-currículo. Mas, no Brasil, onde a informalidade é nosso esporte olímpico e a meritocracia costuma caber num pendrive de 16 GB, a obrigatoriedade da IA promete amplificar, e não resolver, o teatro de máscaras corporativas. 2 | IA como imperativo tecnocrático Empresas de RH celebram relatórios que falam em 89 % de redu...

Do Fazer ao Manter-se: o Trabalho como Dispositivo de Permanência na Pós-Modernidade

Fonte da Opinião Do Fazer ao Manter-se: o Trabalho como Dispositivo de Permanência na Pós-Modernidade Autor: José Antônio Lucindo da Silva #maispertodaignorancia Data: 15 de junho de 2025 Resumo Este artigo propõe uma reflexão filosófica e crítica sobre a transformação do trabalho ao longo do tempo, partindo de sua função primordial enquanto mediação entre o sujeito e a realidade material até sua atual condição de mera justificativa simbólica para a permanência na discursividade contemporânea. Com base em Karl Marx, Byung-Chul Han, Emil Cioran e Freud, argumenta-se que a materialidade do trabalho foi esvaziada pelo discurso da performance, que desloca o sentido do fazer para a sobrevivência simbólica. Analisa-se como a obviedade do "trabalhar para viver" tornou-se uma estrutura de manutenção do vazio, produzindo sujeitos exaustos, ansiosos e alienados de sua potência transformadora. Palavras-chave: Trabalho; Materialidade; Discurso; Sobrevivência; Pós-modernidade; Alienação. ...